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Acampamento do MST é alvo de fazendeiros em Dourados

Líderes do Movimento acreditam que o ataque seja uma retaliação ao apoio e solidariedade do MST aos povos Guarani e Kaiowá, que vêm sofrendo ataques desde o dia 13 de julho

05/08/2024 às 09h37 Atualizada em 05/08/2024 às 09h38
Por: Tribuna Popular Fonte: Correio do Estado
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Acampamento do MST é alvo de fazendeiros em Dourados - Reprodução: Instagram
Acampamento do MST é alvo de fazendeiros em Dourados - Reprodução: Instagram

Na noite do último sábado (3), o acampamento Esperança, do Movimento Sem Terra (MST), localizado em Dourados, foi alvo de ataques de fazendeiros, que incendiaram os arredores da terra para afugentar as famílias acampadas.

Uma publicação, feita nas redes sociais do Movimento Sem Terra de Mato Grosso do Sul, relata que cerca de 10 caminhonetes e duas motos atearam fogo no local, onde vivem cerca de 300 famílias.

Além disso, o Corpo de Bombeiros foi acionado, mas os fazendeiros teriam impedido o acesso ao local do incêndio, fazendo com que o fogo atingisse os barracos do acampamento e causasse um estrago ainda maior.

Ainda segundo o MST-MS, uma criança chegou a desmaiar pela inalação de grande quantidade de fumaça e dezenas de pessoas passaram mal, mas foram socorridas a tempo e estão fora de risco.

Líderes do Movimento Sem Terra acreditam que o ataque seja uma retaliação ao apoio e solidariedade do MST aos povos Guarani e Kaiowá, que vêm sofrendo ataques desde o dia 13 de julho.

"As autoridades de segurança se ausentam deliberadamente. A inércia, imobilismo em ações concretas de reforma agrária e demarcação de terras indígenas acirram os conflitos agrários", diz nota.

Conflitos agrários

No fim de semana dos dias 13 e 14 de julho, os povos Guarani Kaiowá haviam sido alvos de ataques em pelo menos cinco territórios distintos, entre os quais há até mesmo uma terra indígena delimitada e oficialmente reconhecida desde 2011, são eles:

  • Guyra Kambiy, 
  • Potero, 
  • Arroio Cora, 
  • Laranjeira e 
  • Kunumi.

Os conflitos retornaram ao Estado em meio à indefinição sobre a efetividade da tese do marco temporal. Apesar das áreas revindicadas já estarem delimitadas e reconhecidas como território originário com estudos antropológicos, análises estão sendo feitas pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) referente a aplicação, ou não, da tese do marco temporal nestes territórios, travando a homologação da demarcação.  

Essa indecisão e demora nos processos de demarcação intensificam os confrontos, que vêm escalonando nas últimas semanas. A Força Nacional estava controlando a região até a última semana, mas, assim que deixou o local, já aconteceu um novo ataque, que deixou 10 indígenas Guarani-kaiowás feridos no último sábado.

O ataque ocorreu na área retomada Pikyxyin, uma das sete da Terra Indígena Lagoa Panambi,  identificada e delimitada desde 2011.

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