Líder da Comunidade Cristã Aliançados em Mato Grosso do Sul, pastor Denilson Fonseca teria expulsado pessoas e proibido a gravação de culto no último domingo (1), após repercussão midiática sobre suspeitas de desvio de recursos da igreja, bem como troca de acusações e demissão acompanhada de humilhação que desencadeou em processo na justiça trabalhista. Por outro lado, pastor Denilson nega qualquer uma dessas afirmações.
“Foi avisado e intimado que quem estivesse gravando, seria retirado da igreja”, informou um dos fiéis que esteve em culto na Aliançados Arena. Conforme os relatos, duas pessoas teriam sido retiradas do local.
Entretanto, o pastor Denilson nega que qualquer expulsão tenha sido realizada, bem como proibição de gravações.
“Esclarecemos que essa informação é inteiramente falsa”, diz. Segundo a equipe do pastor, uma equipe de jornalismo esteve no local e presenciou o culto.
Em nota, representantes da igreja afirmam ter a gravação da mensagem após o encerramento do culto. “Se houver a necessidade para provar que nós não expulsamos ninguém do culto, nem proibimos a gravação, nós podemos enviar a o vídeo na íntegra para constatarem que de forma alguma ninguém foi expulso do culto”, diz o texto.
Culto de esclarecimentos
Na ocasião, após o culto de domingo, o pastor Denilson separou um tempo para realizar declaração acerca da repercussão midiática em torno das acusações realizadas contra ele. Para isso, o culto que rotineiramente é transmitido pelas redes sociais foi encerrado, juntamente com a transmissão.
Desse modo, não há registro oficial do momento, mas a reportagem do Midiamax teve acesso a uma gravação de áudio, realizada por uma pessoa que deseja não ser identificada, por medo de retaliação.
Denilson usou esse momento para falar sobre matérias que fizeram sobre ele e a Aliançados, mas sem citar nome de qualquer veículo ou pessoa. Os materiais que expõem a suspeita de crimes cometidos pelo líder da igreja foram tratados, em alguns momentos, como provações espirituais, as quais Denilson estaria enfrentando.
Em sua defesa, ele cita seus patrimônios, que foram alvos de muitos questionamentos e não somente midiáticos, mas que também partiram de seus próprios seguidores.
Como é de conhecimento público, apesar da “miséria da igreja”, Denilson possui um veículo do modelo Range Rover e mora no Alphaville 1, em casa avaliada em R$ 4 milhões.
Land Rover teria sido doada e casa comprada em troca de 17 terrenos
“O carro foi um presente, queridos”, disse Denilson sobre possuir uma Land Rover. Ele explicou que o carro é fruto da doação de um casal de fiéis, nomes que não serão mencionados nesta matéria. “Eu cheguei lá na loja, estava lá e me deram de presente. E que Deus multiplique mais e mais na vida deles, em nome de Jesus”, disse Denilson na ocasião.
Com relação à aquisição do imóvel avaliado em R$ 4 milhões, ele afirmou que a compra foi realizada com base na troca de 17 terrenos e duas casas, que ele teria em São Paulo.
“Eu fui morar de aluguel no primeiro momento, porque eu queria conhecer a cidade. Depois que eu conheci, eu comprei uma casa à vista, no Vilas Boas. Um bairro muito legal, eu fui morar lá”, explicou.
Denilson relata que pagava duas cartas de consórcio desde 2011. “As cartas foram contempladas e eu pego a minha casa no Vilas Boas, pego as cartas de consórcio, pego uma SW4 que eu tinha, e compro uma casa no Alphaville 2”, disse.
Relembre o que desencadeou repercussão recente sobre Denilson
A suposta falta de dinheiro em uma das igrejas evangélicas que mais cresceu nos últimos anos em Campo Grande expôs disputas internas e troca de acusações entre os dirigentes da Comunidade Cristã Aliançados. O escândalo vazou e chegou à justiça trabalhista.
Um pastor, Paulo Lemos, foi às redes sociais e denunciou publicamente o presidente da congregação, Denilson Fonseca, de supostamente disparar difamações para expulsar colegas de ministério que ‘sabiam demais’ ou que ganhavam ‘mais visibilidade e fama’ do que deveriam.
Segundo o pastor Paulo Lemos, o argumento para justificar o suposto assédio moral e a demissão seria a ‘dificuldade financeira’. No entanto, a prosperidade financeira é uma das principais bandeiras da agremiação pentecostal que tem sede suntuosa em Campo Grande.
Ainda conforme as denúncias, o chefe da comunidade era conhecido por constranger pastores que arrecadassem muito menos que outros, comparando-os e questionando-os em relação aos motivos por arrecadarem menos que determinados colaboradores.
“Seu problema é ser pastor de pobre”, relataram ex-integrantes da Aliançados sobre as afirmações de Denilson, quando não atingiam o que classificam como ‘metas de arrecadação’ de dízimo.
Segundo Lemos, nos últimos anos, pelo menos 40 pastores foram demitidos sob o mesmo “modus operandi”. Os afastamentos seriam sempre acompanhados de destruição da imagem do pastor alvo do momento.
Chefe da Aliançados pedia mais dinheiro para pagar dívidas
Recentemente, a aquisição de um terreno ao lado da Arena Aliançados, na Avenida Mato Grosso, o qual pertencia à empresa Tim S.A., foi motivo de briga na Justiça. Conforme as informações que constam em processo aberto, o terreno de 7,5 mil m² havia sido vendido por R$ 13,5 milhões.
Entretanto, a comunidade pediu devolução do terreno, sob justificativa de não conseguir arcar com o valor prometido. Na Justiça, a Tim alegou ter sido lesada por perder oportunidade de fazer outros negócios com a venda do terreno.
Em alguns apelos à comunidade, há relatos na denúncia sobre o pastor levantar recursos para tentar arcar com os custos da compra. Ocorre que, em meio a esse imbróglio, não fica claro onde foi parar o dinheiro arrecadado, bem como parte do dinheiro que deveria ter sigo pago para a empresa dona do imóvel.
Entre os apelos estavam incluídos também pedido de dinheiro para pagar a folha de funcionários, parcela do consórcio responsável por financiar a compra do terreno da Tim, entre outros.
“A pedição era tão forte que, vinha com os jargões de que quem tinha dinheiro na poupança deveria deixar na igreja. Deus daria três vezes mais e se tivesse dinheiro reservado para viagens, deveria deixar também, porque em 2024 Deus daria três vezes mais viagens para quem ajudasse a pagar o terreno do Tim”, afirma o material do GDS.
Entretanto, em meio à “miséria da igreja”, as afirmações são de que o pastor Denilson andaria de Range Rover, morando no Alphaville 1, em casa avaliada em R$ 4 milhões.
Caso da escola de “cura gay”
O nome de Denilson ganhou os holofotes de Campo Grande ainda em 2019, quando foi alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por vender um “curso de cura gay”. À época, o caso foi investigado como discriminação contra pessoas LGBTQI+.
O curso contava com uma colaboração na quantia de aproximadamente R$ 1 mil por participante. Denominado como “Escola de Cura”, prometia a libertação da “doença” depois de três dias de acompanhamento. Por fim, a investigação foi arquivada.
Pastor nega todas as acusações
Em nota enviada nesta segunda-feira (2), conforme citado no início desta matéria, o pastor negou que expulsões e proibição de gravações teriam ocorrido.
Em contato anterior, o pastor também negou as demais acusações, que foram detalhadas em materiais anteriores. Abaixo, deixamos posicionamento também na íntegra:
“1º NÃO existe nenhuma acusação de desvio de recursos da Comunidade Cristã Aliançados, envolvendo a pessoas de seu presidente Denilson Fonseca esse fato assim como outros não passa de fake News, com o objetivo de manchar a honra e conduta do Apóstolo Denilson Fonseca.
2º O Pastor Paulo Lemos, não foi expulso da Comunidade Cristã Aliançados, ele foi destituído dos cargos que exercia de forma voluntária, por má conduta, nos termos do Estatuto de Ética da instituição, sendo que após esta medida de afastamento dos cargos, este achou por bem sair desta igreja, jamais sendo expulso. Referidas afirmações de expulsão são meras ilações.
3º Quanto a propagação de fake News, infelizmente não podemos dizer quem é o autor, vez que existe um inquérito policial em trâmite para investigação de sua autoria, por tanto não podemos atribuir a qualquer pessoa tal prática até o presente momento.
4º Quanto às acusações do GDS News, podemos dizer que existe um processo em trâmite no Judiciário de Mato Grosso do Sul, onde busca apurar as fontes e esclarecimentos de todos os fatos imputados a Comunidade Cristã Aliançados, bem como a pessoa de seu presidente Denilson, e que tal processo corre em segredo de justiça, fato que nos limita a falar sobre este.
5º Sobre questões salariais de Pastores, começamos deixando claro que não temos Pastores contratados em nosso quadro de funcionários, e que todos os que servem neste ministério são de forma voluntária, e nos termos da Lei do Voluntariado. A fim de auxiliar o trabalho voluntário de pastoreio, alguns pastores recebem ajuda de custo para despesas realizadas no exercício deste ofício voluntário. Neste sentido, as ajudas de custos estão, necessariamente, atreladas a gastos comprovadamente realizados por este voluntário.
6º Quanto aos questionamentos de páginas da internet de como os recursos seriam aplicados, cumpre esclarecer que existe uma diretoria que determina a aplicação de recursos, além de ser informada e declarada à Receita Federal todas as entradas e saídas de recursos mensais; Quanto a fiéis, desde que sejam integrantes deste ministério, todos tem livre acesso aos relatórios, tanto de receitas, quanto de despesas, não havendo o que declarar sobre tal assunto.
7º Quanto às alegações de dificuldades financeiras, a igreja, acompanha o cenária nacional, passando por todas as crises e dificuldades que atingem a todos os Brasileiros, porém fazemos uma gestão financeira rigorosa, para que todas as nossas despesas continuem equacionadas e possamos manter nossas despesas rigorosamente em dia, assim como esta nos dias atuais.
8º Ainda quanto ao valor de doação de fiéis, através de dízimos e ofertas, caso não seja uma oferta anônima, todas são devidamente declaradas conforme acima descrito. Assim, não há que se falar em recebimentos mensais por parte de fiéis, a não ser os tributos que este voluntariamente doa para cumprimento de princípios bíblicos. Sendo estes os esclarecimentos que temos a fazer sobre os assuntos, nos colocamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos que julgarem necessários”.
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