A mobilidade verde está em crescimento acelerado no Brasil e a eletrificação de veículos leves e pesados é um dos principais meios para alcançar as metas de redução de emissão de carbono assumidas pelo país. A adoção de modelos híbridos ou eletrificados avança na mesma medida da urgência e necessidade de adensamento da sua cadeia produtiva. Nesse cenário, o desenvolvimento de sistemas de baterias nacionais é determinante para o crescimento sustentável, inclusivo e efetivamente gerador de novas oportunidades pela eletromobilidade.
Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), os automóveis eletrificados já representam 7% das vendas totais de carros novos no mercado interno. No ano passado, as vendas desses modelos cresceram 91%, chegando a quase 94 mil unidades. E o mercado continua mostrando força. Nos dois primeiros meses de 2024, o crescimento nas vendas foi de 155% sobre o primeiro bimestre de 2023. A previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que a frota de carros elétricos no país deve ultrapassar 1 milhão de unidades em menos de 10 anos, fazendo com que as vendas de carros eletrificados cheguem a 180 mil unidades por ano em 2030.
Ação governamental
Essa estimativa está alinhada com parâmetros do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), criado pelo governo federal para substituir o antigo Rota 2030. O novo regime automotivo tem o objetivo de diminuir as emissões de carbono em 50% até 2030, incentivando frotas de veículos mais econômicos, mais seguros e menos poluentes.
As novas medidas focam em tornar o Brasil uma referência mundial em eletromobilidade. Uma das principais metas do Mover para alcançar esse título é incentivar modelos automotivos híbridos para migrar gradativamente a cadeia produtiva automotiva para uma frota com maior eletrificação.
A importância da cadeia produtiva de baterias
No epicentro dessa revolução está a necessidade de consolidar uma cadeia produtiva de sistemas de baterias para automóveis híbridos e 100% eletrificados. A tecnologia de íons de lítio desponta como de maior nível de maturidade. Para tanto, o Brasil precisa avançar no desenvolvimento e fabricação para atendimento do mercado nacional dos packs e módulos de baterias.
“Essa jornada tem como ponto decisivo o fortalecimento da produção, de acordo com a real escala dos módulos e toda a tecnologia de ponta embarcada nesses produtos. Eles deverão estar inteiramente conectados com os projetos das montadoras instaladas no País. Neste momento inicial, de formação da cadeia produtiva e do perfil de eletrificação do mercado nacional, estamos falando de baterias de íons de lítio de baixa tensão, de 12V e 48V”, explica Spartacus Pedrosa, diretor executivo do Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM).
Luiz Mello, Diretor de Eletrificação Veicular do Grupo Moura, reforça que impulsionar a eletrificação no Brasil passa por implementar um ecossistema nacional de desenvolvimento de baterias de lítio. “O foco é fortalecer a posição do Brasil como centro global de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de novas tecnologias e promover a redução de importações, a partir do avanço na produção nacional”, comenta.
No Brasil, a eletromobilidade passa pelo etanol
Os carros híbridos são aliados fundamentais para essa transição de baixo carbono na indústria de mobilidade com eficiência energética. A combinação entre combustível e eletricidade é uma alternativa mais ecológica, principalmente quando utiliza o etanol, que é menos poluente e sequestra CO2 em sua cadeia produtiva.
Só como referência, em menos de 20 anos, o uso de etanol evitou a emissão de 630 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente a cultivar 4,5 bilhões de árvores em duas décadas. O potencial brasileiro para avançar e liderar essa tendência global rumo a uma mobilidade mais sustentável é grande. A geração de energia elétrica por fontes renováveis e a disponibilidade de biocombustíveis no país oferecem soluções inovadoras para o setor de mobilidade em condições privilegiadas em em comparação com outros países.
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