Integrantes do Pérolas Negras, Silveira, Dany Cristinne e Dovalle trazem ao palco uma mistura de samba, black music e influências contemporâneas
No domingo (24), o Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, recebe a última edição do MS ao Vivo em 2024, com celebrações ao Mês da Consciência Negra. O evento, que tem como atração principal o renomado sambista Dudu Nobre, começa às 17 horas e será aberto pelo espetáculo Pérolas Negras, uma fusão de tradição e modernidade liderada pelos artistas Dany Cristinne, Silveira e Dovalle. A entrada é gratuita.
O show Pérolas Negras presta homenagem às raízes da música preta brasileira, transitando entre o samba, ablack musice influências contemporâneas.
Para Dany Cristinne, que une o pop àblack musicno projeto, o show, além de ser tributo às expressões culturais negras, reforça a importância da representatividade artística.A cantora compartilha que sua trajetória na música foi marcada por desafios desde a infância.
“Sou uma pessoa que cresceu com bullying. Quando criança, eu era sempre aquela menina rejeitada, sempre ficava nos cantos, não tinha muitos amigos. Muita gente falava principalmente do meu cabelo, que era feio, uma ‘juba de leão’ e que eu era esquisita. Então, ter essa representatividade hoje é muito importante para mim, principalmente como mulher. Porque a gente, quando nasce mulher, já nasce vulnerável, entre aspas. Vulnerável à sociedade, às coisas que acontecem por você ser mulher e negra, é ainda pior a situação", desabafa a artista.
Para Dany, a inspiração em mulheres negras na música foi decisiva para sua carreira. “Quando comecei a ver artistas como a IZA representando nossa música, pensei: 'Se ela conseguiu, eu também consigo'. Isso me motiva a mostrar às pessoas que elas também podem”, diz. Ela se emociona ao ver crianças negras se identificando com sua presença no palco. “Quando uma menina de cabelo cacheado me olha e sorri, sei que está vendo a representatividade que eu não tive. Isso é muito importante, pois elas começam a acreditar em si mesmas”.
No Pérolas Negras, Dany Cristinne explora novos estilos, sem deixar de lado sua essência pop. “Vou mostrar meu estilo, cantar minhas músicas, e no final cantaremos juntos. Essa é a parte mais desafiadora, porque são músicas que não estão no meu repertório, mas que sempre quis aprender. O Pérolas Negras é isso: a mistura de estilos, três artistas diferentes mostrando força juntos”, afirma. Ela promete um show animado. “Levarei duas dançarinas, minha coreógrafa e um figurino lindíssimo. Estamos prontas para esse show”.
Silveira, ao refletir sobre o seu trabalho no Pérolas Negras, destaca como sua música carrega tanto a força quanto a vulnerabilidade, que para ele são inseparáveis.
“Força e vulnerabilidade são palavras que parecem opostas, mas para mim são diretamente ligadas. Minha vida inteira me senti muito vulnerável pela minha sexualidade e pela cor da minha pele, mas disso tudo vem também a minha força”, revela. Ele acredita que essa dualidade é refletida em suas canções e na sua presença no palco. “Tento transparecer isso em tudo o que faço, na minha música e na forma como me porto no palco, e trazer isso para o projeto junto com a Dany e o Dovalle”.
Ao falar sobre o impacto do projeto, o cantor corumbaense ressalta a importância de evidenciar a diversidade. “Estamos colocando toda a diversidade que existe, que muitas vezes é invisibilizada. A gente está mostrando toda essa força que existe em ser quem somos, em cantar o que cantamos”, enfatiza Silveira.
Ele também afirma que o projeto não se limita ao estilo musical, mas também à vivência de cada artista. “A gente traz essa diversidade, não só no estilo, mas também na vivência”.
O cantor fala ainda sobre o desafio de unir tradições culturais e experiências pessoais no espetáculo. “O projeto traz a diversidade da música brasileira, com estilos que, embora pareçam opostos, se complementam no palco”.
Ele explica que as “pérolas” do show não são os artistas, mas as canções e as letras. “As pérolas são as canções que a gente canta, que chegam para o público de uma forma especial.” O objetivo, segundo ele, é criar uma experiência genuína de conexão com a diversidade e a música brasileira. “Queremos que o público se sinta conectado com nossa diversidade, nossa música e nossa arte”.
Mestre do samba fecha a noite
Após a apresentação do Pérolas Negras, o sambista Dudu Nobre sobe ao palco como a grande atração da noite, prometendo encerrar a temporada 2024 do MS ao Vivo de forma inesquecível. Reconhecido como um mestre do cavaquinho e autor de sambas que marcaram a história do samba brasileiro, Dudu Nobre é uma das maiores figuras do gênero.
Com sua voz inconfundível e presença de palco única, ele embalará o público com sucessos atemporais como “Água da Minha Sede”, “Vou Botar Teu Nome na Macumba” e “Pro Amor Render”, canções que são verdadeiros hinos para os fãs de samba e que atravessam gerações.
Sua carreira sólida, que já conquistou fãs no Brasil e no exterior, é marcada pela autenticidade e pela busca constante pela valorização da cultura popular brasileira. Ao longo dos anos, Dudu Nobre se consolidou como um dos principais nomes do samba, levando sua música para os mais diversos palcos e festivais ao redor do mundo.
No MS ao Vivo, ele celebrará o legado do samba, um dos pilares da música negra brasileira, e encerrará a edição de 2024 de um evento que, em oito edições, reuniu mais de 90 mil pessoas em Mato Grosso do Sul.
O MS ao Vivo é uma realização do Governo de Mato Grosso do Sul, por intermédio da Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul) e do Sesc-MS (Serviço Social do Comércio de Mato Grosso do Sul).
Serviço
MS ao Vivo com Pérolas Negras e Dudu Nobre
Data: domingo, 24 de novembro de 2024
Horário: a partir das 17 horas
Local: Parque das Nações Indígenas, Campo Grande (MS)
Entrada: gratuita
Lucas Castro, Comunicação Setesc
Foto: divulgação
Mín. 22° Máx. 34°