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Medição provoca corte em massa do passe de ônibus dos alunos da UFMS

21/02/2019 às 16h54
Por: Tribuna Popular
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Diz a regra da Prefeitura que somente os estudantes que moram a 2 mil metros do local que estudam possuem o direito ao Passe Estudantil em Campo Grande. Em novembro do ano passado, a Agência Municipal de Transportes (Agetran) e o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração da rede de ônibus, anunciaram que aumentariam o rigor para a concessão do direito. Se para a maioria o reflexo pode ter sido até pequeno, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul a mudança causou verdadeiro corte geral dos beneficiados.

O motivo é simples. A maioria dos estudantes mora nas proximidades da própria UFMS. Mas Agetran e Consórcio Guaicurus ignoraram um fator básico: o tamanho do campus da principal universidade do Estado, na região sul da Capital. Somente com a circulação interna dos próprios estudantes, muitas vezes o trajeto até suas casas aumenta muito além dos dois quilômetros estimados.

Um desses casos é o do acadêmico do nono semestre de Engenharia de Produção Hugo Rodrigues Anjos, 25 anos. Morador do bairro Jockey Clube, também na região sul, ele estuda em um dos últimos pólos. No caso dele, só a distância até a rotatória dá cerca de 1,2 quilômetro. Até sua casa, são mais 1.700 metros. Ou seja, o motivo pelo qual o pedido foi indeferido.

"A aferição por parte do Consórcio Guaicurus é falha e considera um ponto que nem mesmo está dentro da universidade para o cálculo da distância", disse Anjos. "Sempre utilizei o passe e nunca tive problema, mas esse ano começaram essa 'fiscalização' a respeito da distância entre a  residência do aluno e a universidade. E ela nem está sendo aferida de forma precisa, a universidade é bem grande e há vários acessos de entrada."

Tão logo Anjos ficou sabendo da recusa do Consórcio Guaicurus, levou em suas mãos os prints dados por um famosos palicativo de mapas da internet, provando os quase três quilômetros totais do percurso até o núcleo onde estuda. Mas pouco adiantou e o pedido foi negado novamente.

"O passe é um direito nosso, eu não tenho condições de pagar para ir e voltar da faculdade, ainda mais com a passagem a R$ 4. Estou indo a pé. E é um percurso de uns 2,5 quilômetros, sem contar os dias que tenho aula até mais tarde e já saio a noite da faculdade", disse.

Ele não é um caso isolado. Do outro lado do campus, Laura Sotolani Einecke, 21, do quinto semestre de Zootecnia, sofre ap[os ter seu pedido negado. Moradora do Piratininga (região sul), de fato o trajet6o até a porta da universidade dá menos dos dois quilômetros estipulados. Mas a questão é que o núcleo de seu curso fica mais afastado, entre o Lago do Amor e o Centro de Controle de Zoonoses, o que faz a distância alcançar o estipulado.

Laura, que estuda em período integral e muitas vezes sai já com o sol postp, enfrentou problemas no curto período sem passe: foi assaltada duas vezes, já que a região é isolada à noite. Ou seja, sem, movimento. "Isso me prejudicou, não tenho condições de pagar passe ou de ir sozinha até a universidade. Eu acho isso um absurdo", disse.

A reitoria da universidade pelo jeito também acha um absurdo. Ao Correio do Estado, por meio de nota disse que procurava, até a publicação desta reportagem, reaver a decisão da Prefeitura e Consórcio Guaicurus. À toa.

"As regras do passe de estudante são concedidas e definidas pela Assetur e a Prefeitura de Campo Grande. Da mesma forma, a definição sobre a distância mínima exigida até a universidade para a concessão do passe é uma prerrogativa de tais órgãos. No entanto, como a UFMS ocupa uma extensa área, já foi sugerida a realização de novas medições para que sejam consideradas todas as unidades da Cidade Universitária", diz o texto, enviado pela assessoria.

Procurada, a Prefeitura de Campo Grande não respondeu até a publicação desta reportagem.

No evento em novembro, Robson Strengari, representante do Consórcio Guaicurus, já dava indícios do que iria acontecer. “Este ano o que mudou foi que o sistema vai conferir se a linhas solicitadas são da região em que o aluno mora ou que ele estuda, se for fora dessas regiões o sistema já irá negar. Será checado o endereço das ruas paralelas ao endereço da pessoa, para averiguar fielmente a distância entre a residência do aluno e a escola”, disse.

*Correio do Estado

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