Denúncia de profissionais da saúde de Campo Grande é de que 1 a cada 4 pacientes que procuram as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) com covid são do interior, mas estariam ‘burlando’ a entrada no sistema de saúde da Capital utilizando comprovante de residência de familiares.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, um dos denunciantes que não terá cargo e identidade revelados explicou que acha importante investigar a situação, pois tem família em Campo Grande e acredita ser injusto que os municípios do interior não estejam preocupados com abrir mais leitos e esses pacientes ocuparem vagas na Capital.
Para o profissional, Campo Grande está ‘pagando’ alto preço tendo que adotar medidas mais rigorosas e ainda ter que ceder vagas para quem é do interior.
Tudo começou quando ele desconfiou da história contada pelo paciente, que não batia, apesar de no prontuário constar que seria paciente de Campo Grande.
Uma moradora de Aquidauana admitiu que a cunhada teve sintomas e ficou com medo, pois os hospitais do município estava sem vagas e correu para a Capital, usando o endereço da cunhada para dar entrada em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Assim, cruzamento feito com o cadastro dos pacientes internados e pelo sistema da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) comprovou que 25% dos internados são de outros municípios, inclusive um deles sendo de outro estado.
Dos internados, constam pacientes de Anastácio, Bandeirantes, Bonito, Cassilândia, Costa Rica, Dourados, Douradina, Jaraguari, Ladário, Nioaque, Paranaíba, Ponta Porã, Porto Murtinho, Rio Negro, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia, Terenos, Três Lagoas e até um paciente de Rondônia.
A quantidade de carteirinhas do SUS que Campo Grande tem reforça essa situação. Apesar dos cerca de 906 mil habitantes – segundo estimativa de 2020 do IBGE, são aproximadamente 1,5 milhão de carteirinhas SUS para a Capital.
O secretário municipal de saúde, José Mauro Filho, entende que a demanda do interior sobrecarrega Campo Grande, mas que “o prefeito determinou que todos fossem atendidos”.
Já o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Geraldo Resende, disse que a denúncia não procede. “Mais de 80% dos pacientes que procuram hospitais são de Campo Grande e os outros 20% são moradores de municípios da macrorregião da Capital. É raro quem vem de outra [macrorregião]”, disse o secretário, afirmando que a SES vai investigar possível caso de tentativa de burlar a regulação.
A macrorregião de Campo Grande são os municípios que têm a Capital como referência e é dividida em outras 4 microrregiões: a de Campo Grande – formada por 14 municípios, Aquidauana – 6 municípios, Coxim – 5 municípios e Jardim – 6 cidades.
O rito correto para que um paciente de saúde do interior entre no sistema de saúde de Campo Grande é via regulação. Por exemplo, ao verificar a necessidade de remoção, o médico solicita a transferência do enfermo para a regulação.
O pedido é analisado por uma junta médica da regulação de Campo Grande para avaliar a necessidade e a disponibilidade de vagas no município.
Neste domingo, MS bateu um novo recorde negativo: a taxa de ocupação para UTI covid chegou a 107%. A situação é delicada em muitos municípios do interior.
Em Aquidauana, o Painel Mais Saúde, da SES mostra que a ocupação está em 112%. Veja a situação em outros municípios:
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