Uma disputa familiar envolvendo o deputado estadual Jamilson Name (PSDB) e um patrimônio estimado em R$ 1 bilhão ganhou novo capítulo esta semana, com a intimação judicial do parlamentar para prestar contas da gestão dos bens herdados da família Name. A ação é movida pelo irmão, Jamil Name Filho, conhecido como Jamilzinho, preso em Mossoró desde a deflagração da Operação Omertà, e pela madrasta do deputado, Tereza Name, inventariante do espólio.
A intimação foi determinada pelo juiz Fábio Henrique Calazans Ramos, da 13ª Vara Cível de Campo Grande, e ocorreu após seis tentativas frustradas via Aviso de Recebimento. O parlamentar foi finalmente notificado pessoalmente na Assembleia Legislativa.
Segundo a ação protocolada em novembro de 2024, Jamilson passou a administrar os bens da família após a prisão do pai e do irmão, em 2019. Os autores alegam que o deputado realizou “atos milionários” com os recursos do espólio — como vendas de imóveis, transferências bancárias, movimentações societárias e cessões de créditos — sem prestar contas adequadas ou apresentar documentação comprobatória.
De acordo com os autos, as contas apresentadas até o momento cobrem apenas três meses de 2024, e listam apenas despesas — entre elas, mesadas, pagamentos de condomínio, despesas médicas, serviços de decoração e até R$ 82 mil em faturas de cartão de crédito.
A defesa do parlamentar afirma que não há negativa em prestar contas, mas que o pedido carece de especificidade e envolve um volume elevado de documentos, tornando a tarefa complexa. Também sustenta que a administração dos bens não foi feita exclusivamente por Jamilson, e que a própria inventariante, Tereza, teria tido acesso à movimentação patrimonial.
Os autores da ação, por sua vez, argumentam que a falta de transparência perdura desde a morte do patriarca, em 2021, e exigem a apresentação de livros empresariais, extratos bancários, registros de imóveis e investimentos, entre outros documentos relacionados a propriedades como a Agropecuária Figueira, a Trianon Administração, além de diversas fazendas e bens móveis e imóveis.
Em nota, o advogado João Paulo Delmondes, que representa Jamilson, reforçou que os atos do deputado foram legais e praticados com autorização formal. Ele ainda acusa os autores de tentar “negociar bens da família por valores irrisórios” e defende que a atuação de Jamilson teria evitado prejuízos maiores ao patrimônio.
O caso agora segue em tramitação na Justiça, que poderá determinar a abertura de apuração mais ampla ou medidas legais, caso as explicações do parlamentar sejam consideradas insuficientes. A disputa expõe não apenas a tensão familiar, mas também os desafios jurídicos e morais na gestão de grandes heranças.
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