A Sociedade 5.0 é um modelo de desenvolvimento social e econômico criado no Japão que propõe o uso de tecnologias como big data, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT) e robótica para resolver problemas sociais complexos e gerar bem-estar coletivo. Para responder às novas demandas sociais e de mercado, as organizações passaram a incorporar essas tecnologias.
Cerca de 72% das empresas já adotaram IA, segundo pesquisa da McKinsey divulgada pela CNN. A crescente digitalização impõe novos desafios de governança, com foco em segurança da informação, uso ético de dados e adaptação contínua às inovações.
Cassio Pantaleoni, Conselheiro TrendsInnovation, associado da Conselheiros TrendsInnovation e ganhador do prêmio Jabuti com o livro “Humanamente Digital”, pontua que a Sociedade 5.0 representa uma redefinição do papel das empresas e de seus conselhos.
“Se antes a governança era baseada em dados históricos e previsões lineares, agora os conselhos precisam atuar em um cenário onde inteligência artificial, hiperautomação e inovação disruptiva moldam o futuro das empresas”, aponta o especialista.
Para o conselheiro, a mudança coloca a tecnologia a serviço do ser humano, da sustentabilidade e da prosperidade de longo prazo. “Nesse contexto, o conselheiro tem a missão de guiar empresas para um futuro digitalizado sem perder a ética, a governança e a responsabilidade corporativa”.
Um levantamento da KPMG divulgado pela CNN mostra que as empresas brasileiras lideram a capacitação em IA. No país, 47% dos respondentes afirmaram conhecer e saber utilizar ferramentas da tecnologia, proporção superior à observada na Alemanha, com 20%, no Japão, com 21%, na França, com 24%, no Reino Unido, com 27%, e nos Estados Unidos, com 28%.
Pantaleoni afirma que os conselheiros devem atuar para garantir que suas empresas prosperem na era digital, sem perder o foco em governança e responsabilidade corporativa. “A Inteligência Artificial, a transformação digital e as novas estruturas de mercado desafiam os conselhos a adotarem uma visão mais ambidestra e estratégica”, pontua.
Ambidestria corporativa na Sociedade 5.0
O autor do livro “Humanamente Digital” enfatiza que a atuação do conselheiro deve antecipar cenários futuros, ajudando empresas a tomarem decisões estratégicas de longo prazo. Segundo ele, no entanto, esse profissional deve monitorar e interpretar megatrends globais, integrar ESG à inovação tecnológica e criar conselhos ambidestros.
A ambidestria corporativa é a capacidade das organizações de equilibrar o alinhamento — que garante eficiência nas operações atuais — com a adaptabilidade, que permite inovação e resposta a mudanças futuras, de acordo com artigo publicado pela revista MIT Sloan Management Review.
Para o especialista da Conselheiros TrendsInnovation, é fundamental que o conselheiro acompanhe megatendências inovadoras e assegure que esses avanços estejam alinhados a princípios éticos, inclusivos e ambientalmente responsáveis. Ele ressalta a necessidade de estruturar conselhos capazes de equilibrar eficiência operacional com inovação disruptiva, promovendo uma governança preparada tanto para o presente quanto para o futuro.
"O que acontece hoje é um descompasso entre a rápida disseminação da tecnologia e a implementação de práticas eficazes de gestão de risco. Empresas adotam IA sem criar diretrizes éticas claras, expondo-se a riscos invisíveis aos olhos dos gestores", alerta o profissional.
Segundo Pantaleoni, é necessário que os conselheiros estabeleçam diretrizes que priorizem a governança digital, contemplando a ética da IA, a conformidade regulatória, a mitigação de riscos e o uso sustentável da tecnologia. Para ele, as empresas devem definir parâmetros para evitar viés algorítmico, uso indevido de dados e decisões automatizadas sem supervisão humana, além de considerar o impacto ESG da IA.
"A energia necessária para alimentar um datacenter pode depor contra a postura da organização em favor da sustentabilidade ambiental. O impacto da IA no meio ambiente precisa estar na pauta dos conselhos. O conselheiro deve atuar como um mediador entre inovação e governança, garantindo que a IA seja uma ferramenta de crescimento sustentável e não um risco oculto para a empresa”, declara o especialista.
De acordo com o profissional, a Sociedade 5.0 exige um modelo de governança adaptável e resiliente, no qual os conselheiros defendam a cultura de inovação, garantindo que a empresa experimente novas soluções sem perder sua identidade. Ele lembra que, para isso, devem construir uma governança flexível, capaz de absorver mudanças tecnológicas sem travar os processos internos, e assegurar que a tecnologia esteja a serviço das pessoas, protegendo empregos e promovendo a capacitação digital.
“Os conselheiros devem garantir parcerias estratégicas com startups, hubs de tecnologia e reguladores, investir em cultura digital e aprendizado contínuo, e desenvolver estratégias de dados e IA que impulsionam a competitividade sem comprometer valores éticos”, orienta Pantaleoni.
Para mais informações, basta acessar: conselheiros.pro/
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