A prevenção do suicídio não é uma tarefa exclusiva dos profissionais que atuam na promoção da saúde mental e emocional. Amigos, familiares e membros da comunidade desempenham um papel fundamental. Ouvir com empatia, demonstrar cuidado e conectar alguém a recursos adequados podem contribuir para salvar vidas e restaurar a esperança.
A psicóloga e psicanalista Luzia Patusco, durante palestra na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), realizada na manhã desta sexta-feira (26), enfatizou que o suicídio pode ser prevenido e que ninguém precisa ser especialista em saúde mental para salvar uma vida. “Quando falamos suicídio, precisamos entender que a pessoa que busca a morte como saída, está em sofrimento intenso. As estratégias de prevenção passam fundamentalmente pela escuta desse sofrimento, que, muitas vezes, não é explícito, mas se manifesta nas entrelinhas. Ações, como essa palestra, são algumas das maneiras de promover espaços em que as pessoas possam refletir sobre as dores”, afirmou.
A palestra faz parte da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio, promovida pela Escola do Legislativo Senador Ramez Tebet. “Nosso compromisso é com a vida. Ao trazer esse debate para a Assembleia, a Escola do Legislativo reafirma seu papel na conscientização e na construção de uma sociedade mais acolhedora e informada sobre a saúde mental”, disse Thiago Gonçalves, diretor da Escola do Legislativo, que fez um relato pessoal sobre a depressão e pensamentos suicidas.
De acordo com pesquisa realizada nas 27 unidades da Federação pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), um em cada quatro brasileiros teve pensamentos suicidas. E mais da metade dos entrevistados relataram desejos de se isolar completamente ou desaparecer. Esses dados reforçam a importância de pensar em ações de combate ao estigma, que ainda impede muitos de buscarem tratamento médico.
Cenário de alerta
Mato Grosso do Sul tem enfrentado um aumento preocupante nos índices de suicídio. Dados recentes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam que, em 2024, o Estado registrou a maior alta percentual do país, com uma taxa de 9,9 suicídios a cada 100 mil habitantes, a 7ª mais alta nacional. No ano passado, foram 287 mortes por suicídio, um salto de 72,5% em relação a 2023. Neste ano, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp/MS) já contabilizou 232 suicídios. Essa complexidade é atribuída a fatores como questões socioeconômicas, acesso limitado a serviços de saúde mental, isolamento social, discriminação e pressões sociais e familiares.
Realizada há dez anos em Mato Grosso do Sul, a campanha Setembro Amarelo foi instituída pela Lei Estadual 4.777/2015, de autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB). A parlamentar também criou a Lei Estadual 6.449/2025, que criou o projeto “Setembro Amarelo vai à Escola”.
Ajuda
Centro de Valorização da Vida (CVV) - atendimento gratuito pelo telefone 188.
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - veja a relação das unidades.
Grupo Amor Vida (GAV) - oferece apoio emocional de forma gratuita.
Assista a palestra, clicando aqui.
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