Morador de Naviraí, José Ferreira conhece as dificuldades enfrentadas por quem precisa buscar tratamento médico fora do Estado. Após nove anos em hemodiálise, ele realizou o primeiro transplante de rim em 2020. O procedimento não teve sucesso e, em 2023, foi necessário um novo transplante, realizado em São Paulo, onde segue em acompanhamento periódico.
Deficiente visual, José sempre viaja acompanhado da esposa, que o auxilia em todas as etapas do tratamento. Após o retransplante, permaneceu 90 dias na capital paulista para os cuidados iniciais e, desde então, precisa retornar a cada três meses para as revisões médicas. Cada deslocamento representa um desafio logístico e financeiro.
Segundo ele, o auxílio recebido pelo Tratamento Fora de Domicílio (TFD) não cobre as despesas básicas de alimentação e hospedagem. “O valor é muito baixo, não dá pra pagar hotel e nem comer direito. A gente compra uma marmita pequena e divide pra nós dois, porque não tem outro jeito”, relatou. José contou ainda que, em São Paulo, paga cerca de R$120 por noite em uma hospedagem simples. “E nem é um lugar com conforto, é bem básico, mas é o que a gente consegue pagar”, completou. A situação é compartilhada por diversos pacientes sul-mato-grossenses que dependem do TFD para realizar tratamentos de média e alta complexidade em outros Estados.
Durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa, a deputada estadual Lia Nogueira (PSDB) apresentou uma indicação em que solicita ao Ministério da Saúde o reajuste urgente dos valores pagos pelo TFD, defasados há mais de duas décadas. A parlamentar também pediu ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul que estude a possibilidade de complementar, com recursos próprios, os benefícios destinados aos pacientes enquanto não houver atualização federal.
Em sua justificativa, Lia destacou que o TFD é um instrumento essencial para garantir o acesso universal à saúde, assegurando o deslocamento de pacientes e acompanhantes quando o tratamento não está disponível em seu município de origem. A deputada ressaltou que os valores atuais, definidos há mais de 20 anos, estão totalmente incompatíveis com o custo real de vida.
Atualmente, conforme portarias do Ministério da Saúde, o auxílio para alimentação sem pernoite é de R$8,40 e, nos casos com pernoite, de R$24,75. Para Lia, isso compromete a dignidade humana dos pacientes e impõe condições precárias a quem já enfrenta enfermidades graves. “Estamos falando de pessoas que precisam se deslocar centenas de quilômetros para buscar atendimento. É urgente que o Governo Federal atualize essa tabela e que o Estado avalie formas de garantir uma complementação justa, até que essa correção aconteça”, afirmou a parlamentar.
Lia Nogueira finalizou dizendo que a atualização da tabela do TFD representa mais do que uma questão administrativa. É uma medida de respeito aos cidadãos que lutam diariamente pelo direito de receber tratamento digno e adequado, independentemente do local onde vivem.
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