Atualmente há 40.151 motoristas com a observação EAR (Exercendo Atividade Remunerada) na CNH (Carteira Nacional de Habilitação) apenas em Campo Grande. O número corresponde a 6,8% dos condutores da Capital. São homens e mulheres que sobrevivem de alguma forma do trânsito, atuando como motoristas profissionais, seja em aplicativos de mobilidade urbana, em empresas de transporte ou mesmo como motoristas particulares.
Há cerca dois anos trabalhando como motorista de aplicativo na Capital, Wanderson da Silva Fernandes, 29 anos, se diz favorável a uma legislação mais dura como forma de manter a segurança nas vias, principalmente quando o assunto é misturar álcool e direção. “Nós, que trabalhamos nas ruas de dia e de noite, sabemos o risco que é topar com um condutor embriagado. Não precisa ir muito longe. Os noticiários mostram diariamente pessoas que acabaram perdendo a vida por conta desse deslize”, afirmou.
Sobre o que é necessário para melhorar o trânsito de uma forma geral, Wanderson lembra que, em muitos casos, falta gentileza. De acordo com ele, que chega a ficar oito horas na função, as pessoas são impacientes a ponto de não esperar o outro motorista manobrar o carro para estacionar. “Ficam buzinando, xingam a gente, esses momentos são estressantes”.
Para ele, mudar esse quadro depende de ações individuais. “Quando a gente aprender ter paciência, a não descontar as dificuldades do dia-a-dia no volante e nos demais motoristas, as coisas vão começar a mudar. Um trânsito melhor depende de motoristas melhores”, afirmou.
Perfil do Motorista no Estado
Em Mato Grosso do Sul, há 1.176.115 motoristas habilitados. Destes, 64,5% são homens e 35,5% são mulheres. Em Campo Grande, segundo dados do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), são 428.688 motoristas habilitados dos quais, a maioria (62%) possui de um a dez anos de habilitação.
De acordo com o diretor-presidente do Detran-MS, Luiz Rocha, ao longo dos anos, o trânsito vem sofrendo várias transformações de acordo com o aumento da frota e o número de motoristas. “Com isso, a legislação acaba mais acirrada, mas não podemos deixar de mencionar que não basta apenas punir o condutor infrator. É preciso que tenhamos um trabalho bem estruturado na área da educação de forma a conscientizar os usuários das vias e os motoristas de uma forma geral”, explicou.
Rocha lembra que por conta dessa preocupação, o Departamento tem estruturado várias campanhas e ações educativas de forma a chamar a atenção do motorista para reduzir o número de acidentes e vítimas no trânsito. “Também pensamos em tornar o trânsito um local seguro e que facilite a vida do usuário, não que traga mais transtorno”, finalizou.
Nos últimos cinco anos, a frota do Estado cresceu cerca de 18%. Se em 2004 tínhamos 1.316.028 veículos registrados em Mato Grosso do Sul, este ano o número saltou para 1.578.174. Apenas na Capital há 301.998 automóveis e 158.232 motos registradas.
O chefe do setor de transporte do Detran-MS, Kleber Luiz Ferreira, responsável por comandar uma equipe com 18 motoristas, reconhece a importância de cada um deles para a sociedade e ressalta que, para atuar nessa área tem que gostar do ofício, que requer mais que dedicação. “É preciso ter amor, se não tem amor pela profissão não adianta”, concluiu.
Vivianne Nunes – Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran/MS)
Foto: Divulgação
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