As mulheres assumiram o protagonismo dos dois protestos da tarde deste sábado, em Campo Grande. Em pauta, está o posicionamento do candidato Jair Bolsonaro (PSL) sobre questões envolvendo moral, sexualidade e o tratamento das mulheres na sociedade.
Mulheres e homens do grupo que é contra o candidato, que o acusam de tratar como inferiores mulheres, homossexuais e outras minorias, estão na Praça Cuiabá e Orla Morena. Os favoráveis ao capitão da reserva do Exército e, agora, presidenciável, concentram-se na Cidade do Natal, na Avenida Afonso Pena.
Não há registro de incidentes em nenhum dos dois protestos, apesar da visível divisão de opiniões entre os manifestantes. A Polícia Militar acompanha as duas manifestações.
ELE NÃO
O grupo do “Ele Não”, movimento que ganhou projeção internacional contra os ideais pregados por Jair Bolsonaro, foi mais numeroso neste sábado, reuniu aproximadamente 3 mil pessoas. A cor predominante do protesto é o lilás, tom escolhido por representar a luta feminina por mais espaço. O arco íris, símbolo da luta pelos direitos dos homossexuais, também foi facilmente visto na manifestação.
Enquanto o grupo se concentrava, pelo menos 10 pessoas se manifestaram hostis ao protesto. Todas elas dentro de seus carros, aos gritos de “ele sim”: uma forma de contrapor o bordão da campanha puxada pelas mulheres contra Jair Bolsonaro. A Polícia Militar está no local, e orienta os manifestantes a não revidarem às provocações.
Nos cartazes empunhados pelos manifestantes, os dizeres são os mais variados, e reafirmam a defesa dos direitos das mulheres, gays e outras minorias citadas em frases polêmicas do candidato do PSL. Apesar do apoio masculino ao grupo, a maioria dos manifestantes - de todas as faixas etárias - é de mulheres.
Na manifestação, adesivos com a hashtag #Elenão são distribuídos. Muitos, confeccionaram camisetas com os mesmos dizeres.
A professora Flavia Laiza Larcon, 29 anos, disse que compareceu ao protesto, porque quer uma sociedade menos desigual. “Todo mundo que prega discurso contra minorias, que na verdade integram a maioria numérica, não pode estar a frente da Presidência”
A psicóloga Keila de Oliveira, 44 anos, é uma das marcharam pela Orla Morena: ““Ele é o retrocesso das conquistas que tivemos. Fico frustrada que uma pessoa desequilibrada como o Bolsonaro concorra à presidência”.
Ao final da marcha, o carro de som do grupo permanece na Praça Cuiabá. Aparentemente, o clima é similar de eventos pré-carnavalescos.
ELE SIM
Na outra ponta da cidade, reuniram-se mais de 600 pessoas. Elas se aglomeram em torno de um carro de som. A manifestação teve início com o hino nacional. Os organizadores dos que são favoráveis a Jair Bolsonaro, esperam que 2 mil pessoas compareçam. Entre os que escolheram o lado de Bolsonaro, a “ordem” e o combate à corrupção dão o tom do protesto.
Depois do hino nacional, os manifestantes também entoaram a oração do "Pai Nosso", em agradecimento à melhora no estado de saúde do capitão da reserva e presidenciável, que na tarde deste sábado, teve alta do Hospital Albert Einsten, em São Paulo (SP).
No local também há a comercialização de camisetas com a face de Jair Bolsonaro na estampa, além da distribuição de adesivos.
O representante comercial, Mateus Henrique Gama Duarte, 20 anos, explicou o que motivou a manifestação. “Objetivo do evento é acabar com esta falácia de que o Bolsonaro é homofóbico e machista. Ele não é nada disso, tanto que neste evento há mulheres favoráveis ao Bolsonaro”. O organizador justificou sua preferência pelo candidato do PSL. “O País está uma bagunça, e o Bolsonaro é conservador e zela pelos valores morais, por isso sou favorável”, acrescentou.
A servidora pública Renata Vieira Genout, 38a anos, justificou sua ida à Cidade do Natal apoiar Jair Bolsonaro: “Estamos cansados de tanta corrupção, e por mais que falem o que for de Bolsonaro, ele não responde a tantos protestos como os outros candidatos”, comentou.
INTERIOR
A campanha “Ele Não” também ocorreu no interior do Estado. Em Dourados e Três Lagoas houve manifestações contra Bolsonaro. Em Corumbá, uma manifestação favorável ao presidenciável do PSL.
O público de cada uma delas não foi divulgado. Assim como nas manifestações da Capital, as pessoas contrárias levaram cartazes citando características que elas atribuem à candidatura de Bolsonaro, como fascismo, machismo, homofobia e misoginia. As favoráveis, se posicionam contra a corrupção e violência urbana.
*Correio do Estado
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