Um ano depois da operação da polícia da Suíça, em cooperação com o FBI, que levou à prisão alguns dos principais dirigentes do futebol mundial, entre eles o então presidente da CBF, José Maria Marin, 41 cartolas foram indiciados e mais de uma dezena de federações viram os seus presidentes serem presos por corrupção. Intocáveis como Joseph Blatter, Jérôme Valcke, Franz Beckenbauer e Michel Platini foram suspensos do futebol ou renunciaram. Mas uma entidade resistiu bem ao terremoto: a CBF. Blindado pela falta de cooperação judicial entre Brasil e Estados Unidos, o presidente da Confederação, Marco Polo del Nero, foi o único a se manter no poder, mesmo indiciado em território americano.
Del Nero, Marin e o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira são acusados de receber milhões de dólares em propinas relacionadas com a Copa do Brasil, Copa Libertadores, Copa América e com o contrato com a Nike. Uma CPI foi aberta no Senado e o Ministério Público Federal começou a investigar.
Os suspeitos conseguiram uma decisão da Justiça no Rio, que tornou ilegal o envio de dados para a Justiça dos Estados Unidos. A Procuradoria Geral da República deu parecer favorável ao restabelecimento da troca de dados com os Estados Unidos. Mas enquanto a decisão não for julgada, a cooperação está parada.
Até agora, apenas Marin foi detido. Del Nero, depois de modificar o estatuto da CBF, continua a mandar no futebol brasileiro. Teixeira, apontado como um dos artífices do esquema de corrupção em denúncias de outros cartolas presos, também continua solto.
Mesmo na Fifa, onde é investigado pelo Comitê de Ética, Del Nero considera que está "fora de perigo". No início de maio, o auditor chefe da entidade, Domenico Scala, renunciou após uma reformulação de suas atribuições. Scala queria uma "punição exemplar" para Del Nero.
Na América do Sul, renunciaram os presidentes das federações da Colômbia, Venezuela, Peru, Chile e Bolívia. Na América Central, caíram dirigentes das federações de vários países. Argentinos, uruguaios e paraguaios também sofreram com as investigações.
No total, 15 dirigentes admitiram culpa nas irregularidades, entre eles o ex-presidente da Concacaf, Jeff Webb. Um ano depois do escândalo que abalou a sua estrutura, a direção do futebol mundial mudou. Menos no Brasil.
*Com Estadão Conteúdo
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