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Futebol sul-americano tem recorde de casos de racismo em 2022, aponta observatório

Até o momento, a Conmebol registrou nove casos de injúria racial, sendo seis na Libertadores e três na Copa Sul-Americana

19/05/2022 às 15h52
Por: Tribuna Popular Fonte: CNN Brasil
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Ale Vianna/W9 Press/Estadão Conteúdo (26.abr.2022) - Torcedor do Boca Juniors é detido por PMs sob acusação de cometer ato racista durante a partida entre Corinthians e Boca Juniors na terceira rodada do Grupo E da Copa Libertadores 2022, na Neo Química A
Ale Vianna/W9 Press/Estadão Conteúdo (26.abr.2022) - Torcedor do Boca Juniors é detido por PMs sob acusação de cometer ato racista durante a partida entre Corinthians e Boca Juniors na terceira rodada do Grupo E da Copa Libertadores 2022, na Neo Química A

Um levantamento do Observatório Racial do Futebol, feito a pedido da CNN, mostra que o futebol sul-americano registrou um recorde de casos de injúria racial em 2022.


Os dados, compilados nesta quarta-feira (18), fazem referência às duas competições regulamentadas pela Conmebol: Copa Libertadores da América e Copa Sul-Americana.


Até o momento, em 2022, a Conmebol registrou nove casos de injúria racial, sendo seis na Libertadores e três na Copa Sul-Americana.


Todos os episódios de discriminação tiveram brasileiros como alvo, segundo a entidade. A ocorrência mais recente aconteceu nesta terça-feira (17), momentos antes da partida entre Corinthians e Boca Juniors, quando um torcedor do time argentino foi filmado fazendo gestos racistas para os brasileiros.


Sobre esse caso, a Conmebol informou que até sexta-feira (20) deverá abrir um processo disciplinar para investigar o ato.


De acordo com o diretor do Observatório Racial do Futebol, Marcelo Carvalho, o recorde anterior de casos de racismo no futebol sul-americano aconteceu nas competições de 2019, quando foram registrados seis casos de injúria racial. Segundo ele, a quantidade de ocorrências cresce anualmente em função da “maior consciência dos torcedores, que agora estão denunciando mais”.


Já para Marcel Tonini, doutor em História Social pela USP e pesquisador do Centro de Referência do Futebol Brasileiro do Museu do Futebol, a impunidade é um dos motivos para os repetidos atos discriminatórios.


“São vários fatores. Em primeiro lugar temos a impunidade, que incentiva esse tipo de atitude. Esses casos sempre aconteceram. Desde quando as competições começaram. No entanto, atualmente está sendo registrado, o que não acontecia antigamente. Naquela época não se dava atenção para essas coisas. Mas ainda temos a ideia de que os estádios são entendidos como um espaço e tempo que permitem que as pessoas expressassem todas as emoções. Isso não é regional. Isso acontece no mundo inteiro”, explicou.


Tonini explicou ainda os motivos que fazem os brasileiros serem as principais vítimas de discriminações raciais durante as partidas de futebol. Ele ressalta que a população negra no Brasil é maior que a de outros países da América do Sul.


“A presença negra no Brasil é maior do que nos países vizinhos, como no Uruguai e Argentina. E isso faz com que essas pessoas desses países vizinhos tentem tirar vantagem dessas características para machucar os torcedores adversários. Eles buscam os estereótipos negros, como o cabelo e a cor de pele, para ofender o outro. Isso está relacionado à composição social do Brasil, que possui mais negros do que nos outros países”, finaliza o especialista.


Nesta quarta-feira (18), o Senado Federal aprovou um projeto de lei que equipara o crime de injúria racial ao crime de racismo. Juridicamente, a injúria racial é diferente do racismo. Enquanto a injúria racial consiste na ofensa direcionada a uma pessoa valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem, o crime de racismo atinge uma coletividade de indivíduos.


No contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público, o texto prevê que a pena seja de reclusão de dois a cinco ano mais a proibição de frequentar locais de práticas esportivas, artísticas e culturais destinadas ao público por três anos. O texto ainda vai para votação da Câmara dos Deputados, antes de ir para sanção presidencial.


A Conmebol registrou seis casos de injúria racial somente nas primeiras fases da Libertadores. O primeiro aconteceu durante a partida entre o Fortaleza e o River Plate, da Argentina. Um torcedor do clube jogou uma banana na direção da torcida do Fortaleza no último dia 13 de abril, durante uma partida da Copa Libertadores da América. O clube argentino foi multado em US$ 30 mil, quase R$ 150 mil.


O segundo caso foi durante a partida entre Flamengo e Univesidad Católica, do Chile, quando torcedores chilenos imitaram macacos em provocações aos torcedores rubro-negros. A ocorrência aconteceu em 28 de abril. No entanto, somente nesta quarta-feira (18), Unidades Disciplinar da Conmebol decidiu punir em 30 mil dólares o clube chileno.


Os outros três casos de racismo na Libertadores aconteceram contra clubes paulistas durante o mês de maio. Durante uma partida entre Emelec e Palmeiras, no dia 27, um torcedor do clube equatoriano também foi flagrado fazendo ofensas racistas contra um grupo de alviverdes. O clube equatoriano foi multado em US$ 30 mil.


Outro caso aconteceu na Argentina, com torcedores do Estudiantes de La Plata imitando o som de macacos em direção a torcedores do Bragantino, no dia 26 de abril.


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