O preço da sucata de veículos subiu nos últimos meses em Campo Grande. Em alguns estabelecimentos da Capital que comercializam as peças retiradas de veículos leiloados, o preço para arrematar um veículo cresceu em até 400% durante a pandemia.
Do lado da oferta, o número de leilões de sucatas do Detran e Tribunal de Justiça também cresceu, com alguns ofertando lotes com dezenas de veículos entre carros e motos das categorias de sucatas inservíveis e para reciclagem. As ofertas vão desde modelos novos, como Chevrolet Onix, até mais antigos, como GM Chevette Marajo.
Porém, o número de concorrentes que disputam os leilões também cresceu diante da demanda das peças usadas. Durante os momentos mais críticos da pandemia, algumas montadoras de automóveis paralisaram as atividades, o que represou a demanda de veículos e peças novas.
De acordo com o proprietário do Comércio de Peças do Jean, Jean Carlo Lamperi, que compra sucata de carros utilitários, a disputa nos leilões ficou mais acirrada desde o início do ano.
“Tem que brigar até onde o bolso der, a gente precisa fazer uma conta para ver se precisa dar lucro ou não”, afirma o homem que pagava cerca de R$ 15 mil e hoje arremata as sucatas em torno de R$ 35 mil, uma diferença de 133,3%.
De Chevrolet Onix a Ford Ka, leilão de sucatas aproveitáveis tem lances iniciais de R$ 216.
João Machado, da Auto Peças Trindade, no bairro Vila Progresso, conta que comprava sucatas de carros populares por cerca de R$ 2 mil, enquanto o preço atual subiu para R$ 10 mil, uma variação positiva de 400%. Ele observa que os valores e as disputas acirraram desde o começo do ano passado, devido ao aumento do preço dos veículos novos.
Quem antes arrematava até seis veículos por mês, hoje compra no máximo dois. Na avaliação de João não compensa comprar a sucata aproveitável porque na comparação com o preço do carro apto a circular é parecido. “Agora compensa comprar o carro normal porque a sucata vem estragada e para retirada de peça tem mais peças aproveitáveis”, explica.
Do outro lado da cidade, no bairro Mata do Jacinto, o proprietário do Ipê Peças Usadas, Juan Muiz, reduziu a margem de lucro de até 60% para 35% nos últimos meses. “Está mais caro comprar sucata de carro desde o começo da pandemia porque o pessoal começou a comprar mais peças usadas e a concorrência aumentou”, ele avalia.
Com Siena a R$ 691, Detran-MS leiloa 99 sucatas aproveitáveis de carros e motos.
Ele abriu o negócio recentemente e relembra que um chefe antigo já chegou a pagar R$ 100 mil por 9 sucatas de caminhonetes Hilux em 2014, enquanto o preço atual de cada uma chega a até R$ 70 mil.
“Eu compro, em média por mês, sucata de um carro novo e uns quatro ou cinco de carros velhinhos, de 2005 para baixo. Hoje a concorrência nos leilões está maior”, afirma.
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