A centralização de pediatras em somente duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de Campo Grande para atender urgências durante a madrugada e início da manhã, entre 1h e 6h, começou a valer neste sábado (1º).
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) decidiu remanejar os plantões desses médicos, restringindo o atendimento às crianças na UPA Coronel Antonino e UPA Universitário, nas primeiras horas do dia. Com isso, mães que chegaram com os filhos nas unidades por volta das 9h, não as encontraram lotadas, porém, discordam da medida.
Mãe de uma menina de 3 anos e moradora do Bairro Jardim Monte Alegre, Camila Ribeiro, 33, procurou a UPA Universitário nesta manhã. Ela chegou às 7h40 e a menina foi atendida rápido, mesmo assim, não aprova a mudança.
"Não achei bom. Pessoas que moram longe terão que vir para cá. Por exemplo, quem mora no Tiradentes terá que vir aqui, mas, criança a gente nunca sabe quando vai ficar doente. Não vai custar nada para ninguém ter um médico em cada UPA", diz a mãe, que também reclama que a unidade não tem farmácia para retirar medicamentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A assistente de educação, Deborah Marques Gomes, 32, tem filhos de dois e oito anos, e tem procurado UPAs com frequência para atendê-los. Ela foi avisada por uma médica do CRS (Centro Regional de Saúde) Tirandentes sobre a centralização.
Nesta manhã, ela esteve com o filho mais novo também na UPA Universitário e comentou a mudança com a reportagem. "Nunca vi uma medida dessa retirar pediatras das UPAs na madrugada para concentrar em duas. Achei péssimo. Sou do Jardim Campo Alto, que é perto daqui, mas não gosto de vir aqui porque não tem ventilação, é sufocante e sempre lotado com atendimento lento. Lá no CRS Tiradentes o pediatra já atendia e fazia o raio-x, mas agora não vai ter na madrugada. Como fiquei sabendo, já vim hoje aqui", relatou a assistente de educação.
Alta demanda - Preocupação de uma mãe que estava com a filha na UPA Coronel Antonino, mas preferiu não se identificar, é com como vai ser em períodos com alta de incidência de doenças em crianças.
"Acredito que não vai dar certo. Se tem [pediatra] em cada bairro a UPA é porque cada bairro precisa. Se juntar tudo aqui quando muda o tempo e as crianças ficam gripadas, como vai ser? Há dois meses, entrei de Samu com ela e a área vermelha inteira daqui era de criança", disse a mãe. Ela mora no Bairro Vila Nasser.
Patrícia Dias de Souza Aranda, 34, é dona de casa e reside em Aquidauana. Em Campo Grande com a filha de 3 anos, precisou precisou procurar a UPA Universitário. Ela acha que se as demandas se manterem como estão, a medida não vai causar transtornos. "Se o movimento continuar assim, acho que tudo bem", pontuou.
Sesau - Por meio de nota, a Sesau esclareceu nesta sexta-feira (30) que o mapeamento e readequação das escalas de plantão dos médicos, enfermeiros e demais integrantes das equipes das unidades de saúde não interferem no atendimento tanto para crianças quanto para adultos. Eles continuarão sendo divulgados diariamente no site da prefeitura e nas redes social.
A pasta segue afirmando que "o atendimento às crianças continuará sendo realizado normalmente em todas as 10 unidades de urgência e emergência" e, além disso, "a presença do pediatra será reforçada, com escalas de plantão 24 horas, onde há um maior fluxo de crianças".
"Não haverá alterações na quantidade de médicos disponíveis nas UPAs e CRSs, uma vez que os médicos clínicos gerais, profissionais capacitados para atender todos os públicos, continuarão garantindo a assistência necessária", finaliza a nota.
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