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Envolvidos em morte de médico devem responder por assassinato e tortura

Polícia de Mato Grosso do Sul disse em coletiva que após o fechamento do caso, desdobramentos serão conduzidos pela polícia de Minas Gerais

09/08/2023 às 08h58
Por: Tribuna Popular Fonte: Correio do Estado
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 - Delegado Erasmo Cubas - Foto: Dourados News
- Delegado Erasmo Cubas - Foto: Dourados News

Bruna Nathália de Paiva, Gustavo Teixeira, Keven Rangel Barbosa e Guilherme Augusto Santana, apontados como assassinos do médico Gabriel Paschoal Rossi, de 29 anos, podem responder por homicídio qualificado com emprego de tortura.


A informação foi confirmada nesta terça-feira (8) pelo delegado da Polícia Civil Erasmo Cubas, durante entrevista coletiva concedida em Dourados, local do crime.  Os quatro envolvidos na morte do médico foram capturados nesta madrugada, em Pará de Minas, a cerca de 1,4 mil km do local do crime, no interior do Estado.


De acordo com o delegado que conduz o caso, após as diligências já realizadas pela Polícia Civil em ação conjunta com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Civil de Minas Gerais, caberá à Polícia Judiciária julgar os envolvidos na morte de Gabriel Rossi, morto no último dia 27 de julho.


Conforme o policial, após esta fase das investigações, Gustavo Teixeira, Keven Rangel Barbosa e Guilherme Augusto Santana devem ser conduzidos à Penitenciária Estadual de Dourados, ao passo que Bruna Nathália de Paiva, apontada como mandante e arquiteta do crime, deve ser transferida de acordo com decisão judicial. 


Sepultado no último sábado (5), em sua terra natal, Santa Cruz do Sul, o corpo do médico foi encontrado na quinta-feira (3), já em avançado estado de decomposição, em uma casa alugada por temporada na periferia de Dourados.


O imóvel, segundo a Polícia Civil, havia sido alugado pelos assassinos. Conforme a perícia, vítima de emboscada, ele foi morto por asfixia.


O corpo estava com as mãos e pés amarrados. O carro do médico foi abandonado na frente do imóvel, mas o seu celular foi levado e continuou sendo usado mesmo depois que Gabriel estava morto. Os assassinos pediram dinheiro para familiares e outros contatos da agenda. 


Embora fosse natural do Rio Grande do Sul, Gabriel Paschoal Rossi cursou Medicina na UFGD e havia acabado de se formar. O gaúcho trabalhava na Unidade de Pronto Atendimento Comunitário (UPA), Hospital da Vida e Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul (Cassems).


O CRIME


Em coletiva, o delegado Erasmo Cubas destacou que a primeira notificação recebida pelos oficiais foi junto a um boletim de ocorrência notificado pela Delegacia Virtual (Devir), no dia 2 de agosto último por volta das 10h da manhã, e inserido ao Sistema Integrado de Gestão Operacional (Sigo) cerca de uma hora mais tarde.


“Como se tratava de uma pessoa que os amigos disseram que o desaparecimento era incomum, solicitamos junto à nossa equipe de inteligência a localização e o número de telefone dele”, disse Cubas. 


Conforme o delegado, as investigações acabaram por identificar o aparelho celular de Gabriel Paschoal Rossi em Minas Gerais no último dia 30. (Posteriormente, o  uso deste celular levou os policiais de Dourados ao grupo, que fugiu para Minas Gerais após a repercussão do caso.)


Diante dessas informações, o oficial disse que o próximo passo das investigações foi rastrear os passos do médico, visto com vida pela última vez no dia 26 do mês passado, um dia antes de sua morte.


Com acesso à inteligência e ao celular da vítima, a Polícia conseguiu chegar ao nome de Bruna Nathália de Paiva, então responsável pela locação de dois imóveis em Dourados, cidade do crime.


Conforme os oficiais, a empresa responsável pela locação dos imóveis, realizados por meio de aplicativo entre os dias 26 e 27 de julho, destacou que Bruna teria locado dois imóveis em Dourados, um deles por período de um dia, para estadia dos criminosos e outro por 15 dias, para deixar o corpo do médico. “A meta era matar e deixar o corpo por lá por 15 dias e voltar para Minas”, disse o delegado. 


Apontada como cabeça do grupo, Bruna Nathália de Paiva, segundo a polícia,  chegou em Campo Grande junto de Gustavo Teixeira, Keven Rangel Barbosa e Guilherme Augusto Santana de ônibus, onde a “visão era matar e ir embora”, destacou o delegado. 


Ligações


Após a ação, e a morte do médico, o celular do mesmo continuou em uso, entretanto, rastreado em Minas Gerais. Diante das informações, a Polícia acabou constatando que os criminosos retornaram para Minas Gerais um dia após matarem o médico. 


Com a localização de todos em mãos, a Polícia Civil realizou uma força tarefa junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF), Ministério Público e Polícia Judiciária para realizarem a prisão dos criminosos, todos residentes da cidade de Pará de Minas, cidade próxima a Belo Horizonte. 


Conforme o oficial, todo o trâmite burocrático para realizar a prisão dos envolvidos foi realizado entre a última quinta-feira e a tarde desta segunda-feira (7), com toda a operação e prisão realizada na madrugada desta terça-feira, na cidade mineira. 


O fato


Segundo a polícia, o desentendimento entre Gabriel Paschoal Rossi e  Bruna Nathália de Paiva ocorreu em razão do médico possuir uma “carteira de crédito” com a estelionatária de R$ 500 mil, valores que ela não repassou ao médico, todos referentes ao seus ganhos dele junto à quadrilha no período em que ainda era universitário.


Conforme a polícia, a “emboscada” armada para o médico ocorreu por conta de um possível contato entre Gabriel Rossi e um então amigo de Bruna Paiva, interessado em comprar drogas na fronteira com o Paraguai, contato que seria intermediado pelo médico. 


Junto ao grupo, a polícia destaca que Gabriel Rossi era responsável por usar sua imagem em documentos de pessoas, em tese, mortas, e era responsável por abrir contas fraudulentas para o grupo, se beneficiando disso. Apesar da ligação, os oficiais descartaram o envolvimento do médico com tráfico de drogas. 


Para o delegado do caso, o fato de Bruna ser franzina, fez com que ela buscasse homens para matarem o médico, encontrado com sinais de asfixia, sacola, marcas de sangue e uma perfuração. De acordo com o delegado, o médico foi atacado no começo da manhã do dia 27 e encontrado somente sete dias depois. Porém, o estado de decomposição do corpo era incompatível com sete dias sem vida. Por isso a perícia concluiu que, antes de morrer, ele ficou agonizando por pelo menos dois dias com os pés e mãos amarrados sobre a cama onde foi localizado.


A justiça prevê uma condenação de 12 a 30 anos de prisão, caso o crime se confirme. 


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