Para cobrar mais segurança, indígenas bloquearam na manhã desta quarta-feira (13) a MS-156, rodovia que liga Dourados a Itaporã. O protesto ocorre em frente à rotatória de acesso à Aldeia Jaguapiru e não há previsão de encerramento.
Com troncos, galhos e pedras, os moradores da aldeia interditaram as duas pistas da rodovia e já há fila de carros e caminhões. Apenas veículos de emergência podem passar.
Lideranças da aldeia afirmam que a situação chegou a ponto insustentável. “Não é nossa vontade bloquear a rodovia, mas só assim seremos ouvidos pelas nossas autoridades. Esperamos representantes da segurança pública para nos garantir providências urgentes. Aí vamos abrir a estrada”, disse o vice-capitão da Jaguapiru, Ivan, conhecido como Tainha.
Há anos, a Reserva Indígena de Dourados, formada pelas aldeias Bororó e Jaguapiru, enfrentam alto índice de violência e criminalidade. Infestada de pontos de venda de drogas, a área indígena com quase 20 mil habitantes apresenta problemas ainda mais graves do que os enfrentados nos bairros do perímetro urbano.
Segundo as lideranças, grupos formados por adolescentes e adultos perambulam pelas aldeias praticando roubos, uso de drogas e ataques contra moradores e pessoas que passam pela rodovia. Carros são apedrejados e bicicletas de atletas do pedal e de moradores são roubadas constantemente.
Nem mesmo os capitães (espécie de liderança política das aldeias) escapam da violência. No domingo (10), o capitão da Jaguapiru foi alvo de tiros em retaliação ao trabalho feito pelas lideranças para tentar conter crimes na aldeia.
“Foram até nossa sede e atiraram duas vezes no capitão Ramão. A comunidade se uniu, prendeu os autores e levou para a delegacia”, conta Tainha. Entretanto, os moradores reclamam que o grupo foi colocado em liberdade no mesmo dia. “Estamos todos expostos aqui, nós, como lideranças, não podemos fazer nada e também viramos alvos”.
Segundo o vice-capitão, a Polícia Militar mantém uma viatura do policiamento comunitário na aldeia, mas afirma que o efetivo é insuficiente. “Quando a viatura prende alguém e leva para a delegacia, a aldeia fica sem policiamento. Precisamos de pelo menos mais uma equipe da polícia aqui”.
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