Estudo do Lasa/UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro) relata como os brasileiros estão expostos ao estresse térmico. O fenômeno pode causar problemas de saúde, passíveis de gravidade para quem já tem condições médicas preexistentes, como pressão alta ou diabetes. É decorrente das condições climáticas, que fazem com que a temperatura corporal aumente e não consiga se manter nos 36,5°C.
O aumento de temperatura corporal, inclusive, pode levar a problemas graves, como diz a professora e meteorologista Renata Libonati, coordenadora da Lasa/UFRJ. “O estresse térmico tem relação direta com problemas de saúde. Pode variar desde uma dor de cabeça ou cansaço. Quem já é acometido de condições médicas preexistentes, principalmente cardiovasculares, tem que ficar atento porque, em níveis extremos, pode até levar a óbito”, disse. Segundo Renata, as condições devem persistir nas próximas décadas.
Estudo conduzido por pesquisadores da Fiocruz destacou que o estresse térmico aumenta as chances de morte por doenças cardiovasculares e respiratórias, por conta da mudança da temperatura do corpo humano. Coordenado pela pesquisadora Sandra Hacon, da Ensp/Fiocruz (Escola Nacional de Saúde Pública), o levantamento buscou projetar o número de dias por ano associado aos estresse térmico, em dias com temperaturas superiores a 28ºC. O cálculo é feito sobre variáveis temperatura, umidade do ar, velocidade do vento e radiação solar, quadro que representa a exposição a condições climáticas que influenciam a capacidade do corpo de manter a termorregulação.
“A tendência é que, com o aumento da temperatura, o organismo reaja de alguma forma ao estresse térmico. Para as pessoas que têm problemas cardiovasculares ou alguma comorbidade, podem levar a situações mais sérias”, explicou a professora Sandra Hacon.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, há desafios para os serviços e os profissionais de saúde para lidar com as altas temperaturas. As respostas às ondas de calor, por exemplo, que, tem em geral duração de três a cinco dias, precisam ser rápidas no sentido de identificar os sinais e sintomas causados pelo estresse térmico. “É um alerta da ciência para que os serviços de saúde se preparem. Precisam capacitar os profissionais de saúde, levar a informação, discutir e ter na área de saúde especialização sobre mudança do clima”, conclui Hacon.
Na ocasião, Campo Grande, Rio Branco, Fortaleza, Vitória, Rio de Janeiro, Goiânia, Boa Vista, Cuiabá e Palmas se destacaram como locais de potenciais óbitos por doenças respiratórias.
Temperaturas elevadas - De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), Com média de 34,9°C, as temperaturas máximas fecharam o mês de outubro com 3,6°C acima da climatologia, que é de 31,3 °C para a Capital. Considerando a série composta de temperaturas conjugadas da estação automática e convencional do Inmet, em Campo Grande, essa foi a maior média para outubro, pelo menos, desde 1973.
A maior temperatura do mês foi de 39,4°C, registrada no dia 23; até a presente data, essa é a maior temperatura do ano. A média das temperaturas mínimas foi de 23,2°C e apresentou desvio de 3,2°C acima do previsto de 20°C.
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