Com a presença de mães atípicas e seus cartazes de protesto no Plenário da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), diversos deputados estaduais usaram a fala para declarar apoio à luta por mais insumos, alimentação e medicamentos às crianças com deficiência.
Gleice Jane (PT) foi a primeira a usar a tribuna e disse que o grupo lhe apresentou que, em média, 5 mil crianças dependem do atendimento de demandas via Prefeitura de Campo Grande e que menos de 20% estariam sendo atendidas de fato. “São mães lutando pela vida de seus filhos e que dependem do Estado, enquanto poder público, para garantir o mínimo de dignidade para a sobrevivência deles. Mulheres na luta em defesa da vida e sabemos a dor de cada uma. Elas trouxeram imagens que revelam as condições em que os filhos estão, devido ao material de péssima qualidade que recebem, por mais que no Diário Oficial está presente fraldas de qualidade, não é o que elas estão recebendo”, revelou a deputada.
Segundo Gleice, que disse acompanhar a situação há muitos anos devido a ser professora da rede pública, a situação não deve ser tratada como “eleitoreira”. “Hoje estamos mostrando que nunca foi eleitoreira, sempre foi em defesa das crianças. As mulheres que enfrentam desafios, de necessidades, da demora do Poder Judiciário, da falta de poder econômico, a saúde delas se prejudicando, já acompanhei muita situação, sem contar ainda o medo do que pode acontecer com seus filhos sem medicações. O assunto é sobre tortura”, lamentou.
Pedro Pedrossian Neto (PSD) também usou a tribuna e apresentou um requerimento pedindo à Mesa Diretora da ALEMS a criação de uma Comissão Temporária de Representação para Monitoramento e Acompanhamento das demandas e reivindicações do Movimento de Mães Atípicas de Campo Grande e convidou os demais parlamentares para assinarem o documento e viabilizar a implementação. “São fraldas, leites, medicamentos, insumos. Diante do descumprimento de liminares, da tentativa de politização de quem deveria atender o pleito legítimo, quero fazer a reflexão que existem mães sul-mato-grossenses e que, portanto, se a Capital não conseguiu, que possamos encontrar o diálogo, de maneira dentro da lei, para que o Estado seja solidário. Quero que forme uma comissão, quero convidar parlamentares para criar essa interlocução, através da Secretaria de Assistência Social, ver de que maneira o SUS, no âmbito do Estado consegue fazer, para atender essas mães. Não podemos mais deixar acontecer esse descaso. Tenho certeza que ninguém para sua vida para erguer cartaz se não fosse algo justo”, ponderou.
Da mesma forma, a deputada Lia Nogueira (PSDB) apoiou a criação. “Quero dizer a essas mães, que são atípicas como eu, que chega a ser deprimente ver que elas estão aqui novamente. A gente sabe que quando você tem um diagnóstico, mãe nenhuma o quer, porque o chão se abre e a gente cai lá dentro. Começa uma batalha por direitos. Quando a Prefeitura retira esse direito, do leite, da alimentação, dos insumos, a gente tira o direito à vida. Mães que mesmo quando judicializam, não conseguem. Enquanto Parlamento Estadual, tenho certeza que o Estado não será omisso. Que a gente crie uma forma de convidar a secretaria de vir aqui e explicar o que está acontecendo, pois a luta de ficar sem o básico é desumana”, criticou.
O apoio também veio de João Henrique (PL), que relembrou que sua família criou uma das primeiras escolas da cidade voltadas especificamente para atípicos. “Temos o dever de tratar diferente os diferentes, para que possamos chegar ao justo. Todos os parlamentares, vamos pegar essas crianças no colo, vamos entrar na casa dessas famílias, vamos fotografar, vamos levar aos poderes constituídos, vamos doar emendas parlamentares. Esse assunto me indigna. Vemos o governador colocando orçamento de bilhões. E estamos com problema de fralda? Remédio? Algumas crianças não enxergam. As mães não conseguem trabalhar. Somos corresponsáveis. O silêncio dessa Casa nos culpa. A nossa obrigação é pegar nas mãos de todos os parlamentares que querem extirpar esse problema e fazer algo”, reiterou.
No pequeno expediente, Mara Caseiro (PSDB) cumprimentou as mães e também se solidarizou com a luta, sugerindo ainda que o dia 8 de março pudesse ser voltado para homenagem às mães atípicas, que dedicam suas vidas ao cuidado, com sessão solene no dia 11 de março.
Mín. 21° Máx. 36°