O Banco Central lançou o Pix Automático, modalidade que permite programar pagamentos recorrentes, como contas de energia, serviços de streaming, mensalidades escolares e assinaturas, sem necessidade de autorização manual a cada transação. O recurso está disponível desde 16 de junho de 2025 para pessoas físicas e jurídicas.
A funcionalidade permite que o pagador defina um valor máximo para evitar cobranças diferentes do autorizado e cancele autorizações a qualquer momento. Também é possível controlar notificações, consultar o histórico e usar um limite exclusivo, sem afetar o limite do Pix tradicional. Segundo o BC, o Pix Automático amplia a inclusão e incentiva novos negócios.
Luis Molla Veloso, especialista em pagamentos online e Embedded Finance afirma que, depois da revolução nos meios de pagamento no Brasil com o Pix, a funcionalidade é a próxima evolução: “O Pix Automático é a resposta natural à lacuna que existia no Pix, a ausência de uma solução nativa”.
Para o especialista, o Pix Automático é um avanço que alia conveniência para o pagador e previsibilidade de receita para quem cobra. “Ele traz a agilidade e a liquidez do Pix convencional, mas com a previsibilidade necessária para qualquer cobrança periódica, sem depender de cartão de crédito, boletos ou autorizações bancárias demoradas”, explica.
Segundo Veloso, o Pix Automático elimina etapas como emissão, envio, conciliação manual e baixa de pagamentos, comuns no boleto. O profissional destaca que o recurso permite adoção via APIs — interfaces que conectam sistemas — por iniciadores autorizados pelo BC, dispensando convênios e integrações complexas do débito em conta tradicional.
“Os impactos na otimização dos processos financeiros das empresas são significativos. Ele elimina etapas manuais presentes nos boletos e dispensa convênios e integrações complexas do débito em conta tradicional. Tudo isso reduz o custo operacional, acelera o fluxo de caixa e melhora a experiência do cliente, gerando menor atrito nas transações”, afirma o especialista.
Outras oportunidades para o mercado financeiro
Para Veloso, o Pix Automático pode se consolidar como uma ferramenta eficaz no combate à inadimplência. “O modelo é diferente dos boletos, que dependem da ação do pagador. A autorização prévia com débito automático, mais flexível e com menos fricção que o modelo tradicional, tende a reduzir esquecimentos e atrasos, além de custos operacionais ligados à cobrança e à inadimplência”.
O especialista pontua que o Pix Automático amplia o acesso para consumidores que usam apenas contas digitais ou carteiras eletrônicas, ao eliminar exigência de cartão de crédito e convênios bancários para pagamento de contas recorrentes, enquanto empresas podem alcançar esse público sem depender de bancos específicos ou meios tradicionais de pagamento.
Conforme observa o profissional, a implementação da modalidade viabiliza às fintechs a oferta de novos serviços financeiros, como assinatura recorrente, planos pré-pagos e financiamento com pagamento parcelado direto na conta do usuário, sem intermediários, o que permite incorporar experiências de pagamento diretamente em aplicativos e plataformas.
Veloso aponta que esse avanço reforça o papel do Embedded Finance ao integrar serviços financeiros diretamente à experiência digital do usuário e ampliar a eficiência operacional.
“Em um cenário de transformação digital acelerada, o Pix Automático se consolida como uma peça-chave na modernização dos meios de cobrança e na eficiência da gestão financeira corporativa”, evidencia.
Embedded Finance no avanço dos pagamentos instantâneos
Segundo o especialista, o conceito de Embedded Finance, termo traduzido no Brasil como finanças embarcadas, se consolidou como pilar da transformação digital dos serviços financeiros. Trata-se da integração de soluções como pagamentos, crédito, seguros e investimentos em plataformas não financeiras, como marketplaces, apps de mobilidade, redes varejistas e sistemas de gestão.
Para o profissional, com o Pix Automático, empresas de diversos setores podem oferecer funcionalidades de cobrança, gestão de carteira e crédito com experiência nativa sob sua própria marca. “O serviço financeiro pode ser uma funcionalidade fluida na experiência do usuário, o que fortalece o relacionamento com o cliente, enquanto diversifica receitas e reduz a dependência”, explica.
De acordo com Veloso, o Embedded Finance em conjunto com o Pix Automático também revela novas oportunidades estratégicas. “Ao incorporar esses fluxos, as empresas acessam dados comportamentais mais ricos, que podem ser usados para aprimorar a gestão de inadimplência e desenvolver modelos de crédito personalizados com base no histórico transacional”.
O especialista acredita no crescimento de serviços inteligentes de recorrência, como "pay per use" com cobrança automatizada via Pix Automático, integração com contratos inteligentes e uso de inteligência artificial para prever e ajustar ciclos de cobrança, como resultado da combinação da funcionalidade com tecnologias de Embedded Finance.
“Essas tecnologias permitirão antecipar comportamentos de pagamento, ajustar ciclos financeiros de forma dinâmica e personalizar a experiência do usuário. Além disso, o avanço de carteiras digitais e super apps deve impulsionar a adoção massiva do Pix Automático como alternativa ao débito em conta tradicional, especialmente em setores como educação, saúde, mobilidade e entretenimento”, conclui.
Conforme estudo da empresa especializada em tecnologia para pagamentos Ebanx, divulgado pelo portal InfoMoney, o Pix Automático deve movimentar ao menos 30 bilhões de dólares nos dois primeiros anos de funcionamento apenas no comércio eletrônico. O levantamento prevê que a nova funcionalidade deve captar cerca de 2 bilhões de dólares de mercado do cartão de crédito no primeiro ano.
Veloso mantém semanalmente atualizações sobre o PIX e Embedded Finance através de seu LinkedIn que está disponível para conversas sobre o terma pelo link: linkedin.com/in/luismollaveloso
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