A osteoartrite, também chamada de osteoartrose, artrose ou doença articular degenerativa, é caracterizada pelo desgaste da cartilagem das articulações e por alterações nos ossos. O tratamento varia conforme a gravidade do quadro e pode incluir desde medidas conservadoras até intervenções cirúrgicas.
Os joelhos e as mãos são as regiões mais afetadas pela osteoartrite, com aumento estimado de 75% e 50% até 2050, segundo pesquisa publicada no periódico The Lancet Rheumatology. A artroplastia total de joelho, cirurgia que substitui a articulação danificada por uma prótese, pode ser indicada com o objetivo de eliminar ou aliviar a dor.
O levantamento, que é parte do Estudo Global da Carga de Doenças de 2021 e analisou dados de 1990 a 2020, concluiu que o envelhecimento, o crescimento populacional e a obesidade são fatores para o avanço da doença, que atingirá cerca de um bilhão de pessoas até 2050.
Dr. Daniel Hidalgo, médico, ortopedista e especialista em joelho do Centro Médico Alto de Pinheiros, afirma que a tecnologia robótica tem revolucionado o procedimento, aumentando a precisão e melhorando os resultados.
“A cirurgia assistida por robô oferece diversas vantagens em relação à técnica tradicional, como melhor posicionamento e alinhamento dos componentes da prótese, redução da dor pós-operatória inicial e da necessidade de analgesia, e recuperação mais rápida da função articular, principalmente nos primeiros dias após a cirurgia”, revela o especialista.
Funcionalidades da cirurgia robótica
O médico explica que sensores instalados em pontos específicos no joelho fazem a leitura da anatomia do paciente durante o procedimento cirúrgico para que um braço robótico auxilie o ortopedista.
“O robô é controlado pelo cirurgião e ajuda durante um dos passos mais importantes da cirurgia de prótese de joelho, a realização dos cortes ósseos — tanto no fêmur quanto na tíbia — de maneira precisa, garantindo o melhor encaixe da prótese, com base na anatomia de cada paciente”, detalha o ortopedista.
Segundo o cirurgião, o uso do robô na cirurgia de prótese de joelho está associado a uma recuperação mais rápida e menos dolorosa — principalmente ao se movimentar nos primeiros dias após a cirurgia —, além de reduzir a necessidade de analgésicos opióides em comparação com a técnica convencional.
“Estudos mostram que esses pacientes alcançam marcos importantes da reabilitação mais rapidamente, como levantar a perna estendida e obter maior amplitude de movimento já na alta hospitalar. Isso resulta em internações mais curtas e menos sessões de fisioterapia”, comenta Hidalgo.
De acordo com o especialista, o planejamento virtual tridimensional fornecido por sistemas robóticos — que permite inserir imagens radiográficas e tomográficas do paciente em um software e gera um modelo detalhado do joelho — também têm impacto significativo na precisão cirúrgica, na restauração da mecânica articular e nos resultados clínicos iniciais.
“O programa permite ao cirurgião planejar o tamanho e a posição ideais dos componentes da prótese, visualizar o resultado e ajustar detalhes, se necessário. O planejamento antecipa o provável tamanho dos componentes, orienta o posicionamento mais preciso da prótese no fêmur e na tíbia e facilita o alinhamento do membro conforme os objetivos definidos”, afirma o especialista.
Casos indicados para cirurgia robótica
Dr. Juliano Malpaga, médico, ortopedista e especialista em trauma do esporte, também do Centro Médico Alto de Pinheiros, esclarece que há situações em que o uso da tecnologia robótica na prótese de joelho é especialmente indicado, e outros em que os benefícios podem ser limitados.
Segundo o médico, em pacientes com artrose avançada e deformidades importantes no alinhamento do joelho, como desvio acentuado para dentro (varo) ou para fora (valgo), a robótica pode ser bastante útil ao melhorar a precisão na execução da técnica cirúrgica.
“Pacientes mais jovens e ativos também podem se beneficiar significativamente da cirurgia robótica, pois a maior precisão no alinhamento e no equilíbrio do joelho pode proporcionar uma recuperação funcional mais rápida e aumentar a durabilidade da prótese”, destaca Malpaga.
Por outro lado, ressalta o especialista, em casos de artrose mais leve o uso da robótica pode não trazer vantagens claras: “Embora a tecnologia traga benefícios importantes, sua indicação deve sempre ser individualizada, considerando o perfil do paciente e as características do joelho acometido”.
Em pacientes com condições clínicas graves ou risco cirúrgico elevado, Malpaga ressalta que é indicado optar por uma cirurgia mais direta e rápida como a convencional — isso porque, durante a fase inicial de aprendizado do cirurgião, o uso da robótica tende a prolongar o tempo operatório.
O cirurgião afirma que entre os principais desafios para a adaptação às cirurgias de prótese de joelho assistidas por robô está a familiarização com o sistema robótico, já que o cirurgião precisa aprender a operar a plataforma robótica, que inclui manuseio do braço robótico, planejamento virtual pré-operatório e uso dos sensores de navegação em tempo real.
Segundo o especialista, também há uma alteração do fluxo cirúrgico habitual, exigindo ajustes na rotina da equipe cirúrgica, no posicionamento do paciente e no uso de instrumentos específicos. Para ele, outro ponto a se considerar é o aumento natural do tempo cirúrgico nas primeiras cirurgias.
“Esse tempo costuma diminuir conforme o cirurgião aumenta seu número de casos operados. Todavia, a maioria dos cirurgiões experientes em artroplastia total do joelho consegue se adaptar com segurança após a fase inicial de aprendizado, e muitos relatam que o sistema robótico se torna uma ferramenta que facilita a cirurgia, principalmente nos casos mais complexos”, comenta o médico.
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