Mais um caso de violência contra profissionais de Saúde foi registrado em Mato Grosso do Sul. Segundo a deputada Lia Nogueira (PSDB), em discurso na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (16), um paciente surtou e quebrou equipamentos e patrimônio da única Unidade de Pronto Atendimento (UPA) que atua em escala de 24 horas em Dourados.
“Mais um caso lamentável que ocorreu na madrugada de hoje nessa UPA, que é a única 24 horas em uma cidade de mais de 200 mil habitantes, para atender 33 municípios da macrorregião. O paciente em surto promoveu um quebra-quebra, fato absurdo, mas na verdade, uma tragédia anunciada”, explicou a deputada.
Segundo a parlamentar, o estado ocupa o segundo lugar em ranking do Centro-Oeste com mais casos de violência contra médicos. Lia exibiu vídeo das enfermeiras de Dourados mostrando a situação no local após conterem o paciente, em que uma delas verbaliza que se trancaram no banheiro “para não apanhar de novo”.
“Ou seja, ela já havia sido vítima de violência. Cerca de 80% da enfermagem no estado é formada por mulheres, muitas são mães solo, chefes de lares que deixam filhos sozinhos em casa e não sabem se vão voltar. Estamos vendo a terceirização da culpa. Médicos, enfermeiros e técnicos culpabilizados pela falta de gestão: um insumo que falta, sem medicamentos, médico que falta pra atender a todos e o paciente repassa a culpa a quem na verdade está lá na ponta salvando vidas”, lamentou a deputada.
Lia Nogueira retomou o pedido feito ao Governo do Estado, via indicação em novembro passado, para que haja um Plano de Segurança aos Profissionais de Saúde, pois esses episódios de violência não se restringem a apenas uma cidade. “Tivemos casos em Campo Grande, tivemos o médico assassinado em Douradina, ou seja, a gente precisa repensar. Passou da hora do Estado ter um plano permanente. Esse é um convite a todas as categorias, Ministério Público, Governo, para que se apure de forma rigorosa e os poderes deem as mãos para buscar políticas públicas para que não presenciarmos mais isso. Vamos aguardar mais o que? Agressões e assassinatos? Isso que a gente não quer. ALEMS é um órgão fundamental nesse processo”, ressaltou. Reveja audiência pública sobre o tema clicando aqui .
Da mesma forma, o deputado Professor Rinaldo (Podemos) lamentou o novo episódio em Dourados, que precisou deixar os pacientes sem local de atendimento inicial e triagem para que a perícia avaliasse o dano causado. “Esse é um assunto extremamente preocupante. Com que condições psicológicas um profissional vai atender alguém depois de sofrer violência ou ver casos assim? Uma fala mal interpretada o paciente se sente no direito de agredir do ponto de vista moral e até fisicamente. É realmente preocupante. Tenho filha fazendo residência em medicina, temos que ter condições para que eles possam atuar. Vamos criar mecanismos importantes e necessários para garantir a atuação”, resumiu.
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