A companhia aérea chilena de baixo custo JetSmart, propriedade da empresa americana Índigo Partners, que tem participação majoritária na American Airlines, deverá ser a primeira companhia aérea estrangeira a operar no mercado doméstico brasileiro a partir de Campo Grande. As negociações neste sentido estão bem adiantadas.
A informação do diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling, chega como esperança de mais concorrência e normalização dos preços das passagens aéreas, que já eram altos e foram a patamares estratosféricos desde que a Avianca saiu do mercado em abril deste ano por problemas financeiros, escancarando ainda mais um problema recorrente na aviação brasileira: mercado concentrado e falta de concorrência.
“Estamos bem adiantados nos entendimentos com a JetSmart, mas ela não deve ser a única estrangeira em Campo Grande. Entramos em negociações para trazer também a argentina Flybondi, e tem a espanhola Europa Air, o que nos leva a acreditar que até 2020 a questão de preços das passagens esteja regularizada com mais diversidade de companhias áreas no nosso céu, porque com poucas empresas e monopólio não dá”, declarou Bruno Wendling.
No caso de a expectativa se confirmar, a aérea JetSmart chegará a Campo Grande já com experiência em competitividade de preços de passagens. Em 2017, quando obteve autorização do governo chileno para operar rotas domésticas, abriu a primeira guerra de preços por passagens no Chile, onde havia apenas a Sky Airlines, que até então competia apenas nas tarifas de baixo custo, e a empresa Latam, resultado da fusão da brasileira TAM com a Lan Chile.
Estreou no Chile em julho de 2017 com ofertas de voos pelo sistema low cost por pouco mais de um dólar + taxas (a tarifa média era de 12 dólares + taxas) e preço final de voos de ida e volta por 30 dólares, provocando uma revolução no mercado aeronáutico chileno.
“Vamos torcer para que a JetSmart venha e repita a estratégia de marketing nos seus voos domésticos a partir de Campo Grande, mesmo que seja apenas no lançamento”, alegra a veterinária Célia Regina de Oliveira. Ela contou ao
Campo Grande News que tirou uma semana de férias em Salvador e pagou R$ 1.200 (cerca de 302 dólares no câmbio atual) pela passagem/Gol (ida e volta) com embarque no dia 30 de agosto.
Outra estratégia de marketing da JetSmart que será muito bem recebida em Mato Grosso do Sul é sua decisão de promover pinturas especiais de animais em seus aviões. Na terra do
Pantanal não terá dificuldade em sua proposta de destacar a diversidade da natureza diante da infinidade de opções para estampar um animal diferente na cauda de cada uma de suas aeronaves.
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Nessa aeronave, a atração visual na cauda é uma onça-parda, mamífero carnívoro também conhecido como Puma (Foto: Gustavo Martinez)[/caption]
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Pássaro com as asas abertas chama a atenção na JetSmart, empresa do mesmo grupo da gigante American Airlines (Foto: JetSmart/Reprodução)[/caption]
No Chile, pouco mais de dois anos depois de estrear, a companhia aérea chilena-americana JetSmart já oferece 19 rotas dentro do país. Voa desde Santiago para Calama, La Serena, Iquique, Antofagasta, Copiapó, Arica, Concepción, Punta Arenas, Valdivia, Puerto Montt e Temuco, além de cobrir voos regionais Calama/Concepción, Antofagasta/La Serena, La Serena/ Iquique, La Serena/Calama e Arica/Antofagasta.
HISTÓRICO – “O nosso céu está aberto”. A metáfora do diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling, refere-se a aprovação da Medida Provisória 863/18, que autorizou companhias aéreas estrangeiras com sede no Brasil a operarem voos domésticos no país. A MP foi aprovada pelo Congresso Nacional no dia 21 de maio de 2019 com a proposta de abrir o mercado, aumentar a concorrência, reduzir preços de passagens e causar impacto no turismo e na economia do país.
Um dia depois da aprovação da MP, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou o grupo espanhol Globalia, proprietário da Air Europa, operar no Brasil. Foi a primeira empresa aérea com 100% de capital estrangeiro, ou seja, não controlada por brasileiros, a conseguir autorização para oferecer voos domésticos no país.
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Cabine de um A320 da JetSmart apresentada pelo CEO da empresa, Estuardo Ortiz Porras (Foto: La vida nomade)[/caption]
*Campo Grande News