Em meio ao deficit habitacional enfrentado em Campo Grande, quem está em busca da casa própria por meio de programas habitacionais da prefeitura deve se preparar para enfrentar uma disputa acirrada. O exemplo está em sorteios a serem realizados nesta semana. Ao todo, serão sorteados 536 imóveis, nos bairros Portal das Laranjeiras, Aero Rancho, Jardim Inápolis e Sírio Libanês. Em alguns casos, a concorrência é de 76 pessoas por apartamento.
No Jardim Inápolis, por exemplo, há 66 apartamentos para 5.035 inscritos, o que representa 76 inscrições por uma moradia. Já no Aero Rancho, são 105 moradias para 7.848 inscrições, o que corresponde a 74/1.
Com dois filhos e pagando mensalmente cerca de R$ 500 de aluguel em uma casa no Santo Amaro, Tainá de Souza Araújo, 23 anos, está concorrendo a uma moradia no residencial no Sírio Libanês. “O que eu ganho hoje, não sobra muito para eu poder comprar as coisas para os meus filhos”, disse.
Se ganhar o apartamento, serão mais R$ 500 na renda que ela ganha vendendo roupas e fazendo serviços de manicure. “Eu recebo pensão do pai dos meninos, mas ela vai para a água, a luz e a internet, que é o que eu posso dar para eles [filhos]”, contou.
O sorteio realizado pela agência segue diversos critérios para avaliar os participantes, entre eles, cotas para pessoas com dependentes que têm microcefalia, idosos, mulheres que sofreram violência doméstica e pessoas com deficiência (PDC).
Considerando a Portaria nº 321, de 14 de julho de 2016, do Ministério das Cidades, no item 4.9, “Ficam dispensados do sorteio os candidatos a beneficiários enquadrados na seguinte situação: d) possua membro da família, vivendo sobre sua dependência, com microcefalia, devidamente comprovada com a apresentação de atestado médico”.
O ex-servente de pedreiro, Cleber Gonçalves Dutra, de 38 anos, largou o serviço para cuidar do filho com microcefalia, hoje com 13 anos. Além do pré-adolescente, Cleber tem mais quatro filhos, com idades entre 8 anos e 8 meses, três deles com alguma deficiência. “Hoje eu sustento sete pessoas com dois salários mínimos. No final do mês não sobra nada”, contou ele.
Além das despesas com médicos, remédios, transporte, água e luz, Cleber também gasta cerca de R$ 400 com aluguel. Como ele se encaixa na portaria n. 321, ganhou o apartamento no residencial Sírio Libanês, depois de 12 anos de espera. “Agora vai até sobrar para poder comprar roupas para as crianças. Nós estamos muito felizes; demos Graças a Deus, a vida toda moramos de aluguel”, contou Cleber.
*Correio do Estado
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