
Um dos 18 presos na última operação policial contra o jogo do bicho, Franklin Gandra Belga conseguiu se livrar das restrições impostas pela Justiça após sair da prisão há duas semanas. No entanto, o telefone celular dele seguirá apreendido.
A decisão, publicada na edição desta quinta-feira (18) do Diário da Justiça Eletrônico, atende a um pedido do Ministério Público do Estado. Até então, Franklin estava proibido de sair da cidade e de se comunicar com outros investigados e testemunhas.
A investigação apontou que Franklin foi quem sugeriu à família de Roberto Razuk — apontado como um dos líderes do esquema — restabelecer o jogo do bicho na Capital.
Por outro lado, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias de Campo Grande, negou os pedidos de liberdade do policial militar Anderson Lima Gonçalves, de Jonathan Gimenez Grance e de Flávio Henrique Espíndola Figueiredo.
Em todos esses casos, a magistrada entendeu não haver fatos novos que pudessem mudar a situação dos investigados e manteve as prisões preventivas. Portanto, a Justiça analisou os pedidos de relaxamento de prisão de 18 alvos, ficando livres apenas Franklin e o empresário Roberto Razuk.
Na terça-feira, 25 de novembro de 2025, o Gaeco/MPMS (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) deflagrou a quarta fase da Operação Successione, contra uma organização criminosa que explora jogos ilegais.
Foram expedidos 20 mandados de prisão preventiva e 27 mandados de busca e apreensão nos municípios de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Maracaju e Ponta Porã. Alvos também foram identificados no Paraná, em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Em dezembro de 2023, o Gaeco identificou que o grupo tentou assumir o controle do jogo do bicho em Campo Grande, após a derrocada da família Name na Operação Omertà, em dezembro de 2019.
O deputado estadual Neno Razuk (PL) — filho de Roberto Razuk — é apontado pelos promotores como líder da organização criminosa que contava com policiais militares como ‘gerentes’ do grupo que controlava o jogo do bicho no Estado.
Roberto Razuk foi apontado pelo Gaeco como antigo chefe da operação do jogo do bicho na região sul de MS. Até a década de 1990, o esquema em todo Mato Grosso do Sul era liderado por Fahd Jamil, também alvo da Successione em fases anteriores.
Fahd deixou o comando da organização criminosa e dividiu a operação em duas frentes: a região de Campo Grande ficou com Jamil Name e a região de Dourados e Ponta Porã passou para Roberto Razuk. O antigo líder ficou distante, mas manteve influência, como mostrou reportagem da revista Piauí, em dezembro de 2024.
A organização criminosa baseada em Dourados que explorava o jogo do bicho em Mato Grosso do Sul tinha planos de expandir a operação ilegal, conforme a denúncia que levou à prisão 18 pessoas investigadas na quarta fase da Operação Successione. Do grupo, apenas Roberto Razuk conseguiu prisão domiciliar.
Na decisão da juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, do Núcleo de Garantias de Campo Grande, os promotores voltam a citar o deputado estadual Neno Razuk (PL) como líder do esquema, que ainda buscava expandir os “negócios” para além da região de Dourados.
A juíza cita que o MP descobriu que outros filhos de Razuk, Jorge e Rafael, levaram as apostas para a internet. Jorge teria aberto um site para o jogo do bicho, enquanto Rafael é sócio em uma bet.
O empresário Willian Ribeiro de Oliveira, influente em Goiás, foi escalado pelo clã Razuk para estudar a possibilidade de expandir os “negócios” para o estado vizinho, até mesmo antagonizando o poderoso grupo do famoso bicheiro Carlinhos Cachoeira, que foi personagem de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso Nacional em 2012.
Ao decretar a prisão preventiva, May Melke cita, ainda, que os Razuk estariam em atividade desde 2021 para ocupar o vácuo deixado pela família Name, que explorava o jogo do bicho na Capital e foi “derrubada” pela Operação Omertà, em 2019.
Dos 20, dois estão foragidos: Flávio Henrique Espíndola Figueiredo, de 36 anos, e Gerson Chahuan Tobji, de 48 anos.
A operação resultou na apreensão de R$ 274,9 mil em espécie, € 1,06 mil e diversas folhas de cheque, evidenciando o expressivo poderio financeiro da organização criminosa. Também foram recolhidas duas armas de fogo, munições, dezenas de máquinas do jogo do bicho, além de documentos, anotações, notebooks e celulares utilizados nas atividades ilícitas.
Um dia depois da operação, o empresário Roberto Razuk conseguiu passar para a prisão domiciliar com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Em 2 de dezembro, foi publicada a decisão que autorizou a soltura de Franklin Gandra Belga.
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