O intérprete campo-grandense Ross Kasakoff, de 30 anos, reclama que a Embaixada do Brasil não se movimenta para solucionar a questão dos brasileiros na Ucrânia. Ele está na capital Kiev. O país está sob ataque da Rússia desde as primeiras horas de ontem (24). Segundo o Itamaraty, cerca de 500 brasileiros estão no país.
“A comunicação com eles é só por rede social e não é muito clara. A gente só recebe atualização com a mensagem: procurem um lugar seguro, manteremos vocês atualizados. A embaixada de Portugal já se mobilizou e está montando pontos de encontro em cidades do Oeste da Ucrânia. A embaixada brasileira não”, lamentou. Veja, abaixo, as mensagens que os brasileiros recebem do Itamaraty.
Ross é intérprete em uma clínica que trabalha com barriga de aluguel, procedimento legalizado na cidade, e está preocupado com a situação. “Tenho dois casais brasileiros aqui que estão com os dois filhos recém-nascidos nos braços e não estão obtendo suporte nenhum da embaixada, peço para autoridades que tenham mais compaixão com as pessoas que estão aqui. Não por mim, mas sim, por esses casais que estão com os seus filhos recém-nascidos nos seus braços. Que a situação se estabilize logo”, disse.
Segundo Ross, nesta madrugada, foram ouvidos barulhos de explosões nos arredores da cidade de Kiev. Ele está na zona norte da cidade. “Eu tenho um amigo brasileiro que tem filho especial. Tenho que pensar nessas pessoas primeiro, para depois pensar em mim. Infelizmente, a assistência está sendo muito falha”, reclamou.
A embaixada do Brasil em Kiev recomendou que os brasileiros “possam deslocar-se por meios próprios para outros países ao oeste da Ucrânia, tão logo possível, após informarem-se sobre a situação de segurança local”.
A recomendação é que as pessoas evitem deslocamentos fora do horário do toque de recolher, definido pelo governo ucraniano, e se abriguem em locais distantes de instalações militares e de infraestrutura energética e de comunicações.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou que está preparando um plano de evacuação dos brasileiros que estão na Ucrânia. "O local e o momento em que os brasileiros serão chamados a se concentrar, para fins de evacuação, serão amplamente difundidos pela embaixada, por meio de seus canais de comunicação com a comunidade brasileira", informou o embaixador Leonardo Gorgulho, secretário de Comunicação e Cultura do Itamaraty, durante coletiva de imprensa em Brasília.
Ainda de acordo com o Itamaraty, as embaixadas brasileiras em Varsóvia (Polônia), Minsk (Bielorrússia), Bucareste (Romênia), Bratislava (Eslováquia) e Moscou (Rússia) estão trabalhando em regime de plantão para atender demandas de brasileiros que cheguem nestes países vindos da Ucrânia. Assista, abaixo, ao vídeo com o desabafo de Ross.
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