Após avanços de 1,42% e de 1,96% nas duas últimas sessões de novembro, o Ibovespa fez pausa neste começo de mês, em baixa de 1,39%, a 110.925,60 pontos, refletindo, desde cedo, leitura abaixo do esperado para o PIB do terceiro trimestre, que vem no momento em que os investidores ainda manifestam cautela sobre as contas públicas a partir do próximo ano, enquanto aguardam a tramitação da PEC da Transição pelo Congresso. Na mínima, a referência da B3 foi a 110.547,84 saindo de máxima a 112.478,76, quase igual à abertura (112.478,68). O giro ficou em R$ 31,2 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 1,79%, com ganho a 5,82% no ano.
Apesar de o petróleo ter se mantido em alta em boa parte da sessão - embora sem sinal único no fechamento -, o dia foi de correção para as ações da Petrobras (ON -3,75%, na mínima do dia no encerramento; PN -4,01%), que vinham de ganhos nas sessões anteriores. Assim como Vale, que virou perto do fim e subiu hoje 0,55% (ON). Até ontem, tanto Petrobras como Vale reagiam, positivamente, à expectativa de afrouxamento das medidas associadas à política de covid-zero na China. Divulgado na noite de quarta-feira, "parece que o plano de investimento da Petrobras não agradou", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
A primeira sessão de dezembro também foi majoritariamente negativa para as ações de grandes bancos, outro segmento de peso no índice, com perdas que chegaram a 2,47% (Bradesco ON) no fechamento, à exceção de Santander (Unit +0,14%). Na ponta do Ibovespa, destaque para as altas de BB Seguridade (+2,33%), Embraer (+2,29%) e PetroRio (+1,80%). No lado oposto, Magazine Luiza (-9,09%), BRF (-9,02%) e Alpargatas (-6,99%).
A expansão do PIB no terceiro trimestre, de 0,4% na comparação com os três meses anteriores, ficou abaixo da estimativa de consenso no Projeções Broadcast, de alta de 0,6%, mas o resultado foi matizado por revisões em resultados anteriores.
"O resultado veio abaixo do esperado, mas havia muita incerteza por conta da revisão que o IBGE faria na série histórica. Com a revisão para cima de 2020 e a reponderação do PIB, tivemos também ajuste para cima no número de 2021, que subiu de 4,6% para 5,0%, e alterações nas variações do PIB no primeiro semestre de 2022", aponta em nota João Savignon, economista da Kínitro. "Na comparação com o nível pré-pandemia (4T19), apenas as indústrias extrativas e a administração pública seguem abaixo", acrescenta o economista.
No entanto, com a expectativa por um desempenho econômico ainda mais fraco no último trimestre do ano, talvez até negativo na margem, os investidores, que já vinham atentos a questões como relação dívida/PIB e arrecadação, ante a demanda por gastos públicos acima do teto nos próximos anos, voltaram a pisar no breque do apetite por risco nesta primeira sessão de dezembro.
"Para o último trimestre, a perspectiva é de um arrefecimento da atividade diante dos efeitos da elevação dos juros e um certo esgotamento dos benefícios da reabertura da economia", observa em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. Ele acrescenta que se espera também, em 2023, "um crescimento menos robusto das principais economias globais frente a elevação dos juros, inflação e os problemas no setor de energia, somados a uma desaceleração da China", combinação de fatores que tende a afetar o Brasil.
Lá fora, o índice de inflação ao consumidor nos Estados Unidos preferido do Federal Reserve, o PCE, também divulgado nesta manhã, veio em linha com o esperado, mas a leitura favorável acabou sendo ofuscada por indicadores fracos sobre a atividade industrial e dos investimentos em construção no país, o que inclinou os índices de ações em Nova York para o negativo na sessão, aponta Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. Ao final, exceção para o Nasdaq, que obteve leve alta de 0,13% no fechamento desta quinta-feira.
"Aqui, acompanhamos o sinal negativo do exterior, com cautela motivada ainda pela falta de anúncios sobre a equipe econômica do próximo governo e a dúvida quanto ao tamanho do 'rombo' na PEC da Transição", o que justifica a "posição defensiva dos investidores", acrescenta Esteves.
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