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Os Novos Coronéis: Como o dinheiro ainda define a política brasileira

Em um país onde o dinheiro fala mais alto que o voto, a democracia é constantemente ameaçada pelo controle dos coronéis e o silêncio forçado da imprensa

25/09/2024 às 11h33 Atualizada em 25/09/2024 às 11h49
Por: Tribuna Popular Fonte: Álvaro Pereira FIlho
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Os Novos Coronéis: Como o dinheiro ainda define a política brasileira

Apesar de vivermos em uma era marcada pela evolução tecnológica e o fortalecimento das liberdades individuais, a política brasileira permanece fortemente atrelada a figuras de poder que lembram os coronéis do passado. Nas pequenas cidades e nos grandes estados, esses líderes, disfarçados de empresários, políticos ou influenciadores, continuam a impor suas vontades sobre a população, frequentemente deixando de lado a verdadeira essência da democracia.

O que se observa é que, embora o voto seja o maior símbolo de liberdade, nas mãos dos cidadãos, o poder financeiro e a capacidade de influenciar são armas muito mais potentes na balança política. Esses coronéis modernos manipulam as estruturas sociais, econômicas e políticas para manter o controle sobre a população, utilizando-se da força do dinheiro e da proximidade com grandes esferas de poder. Seja através de "ajudas" financeiras ou do controle sobre os meios de comunicação, conseguem ditar os rumos de uma eleição antes mesmo que os votos sejam computados.

Em muitas regiões do Brasil, não são as propostas ou os programas de governo que decidem o futuro de uma cidade ou estado, mas sim o poder de quem tem mais recursos para influenciar a opinião pública. A compra de votos, disfarçada em formas modernas, como cestas básicas, favores pessoais ou promessas de emprego, ainda é uma prática que muitos eleitores aceitam, muitas vezes por necessidade, mas também pela falta de alternativas.

Por mais que tenhamos conquistado liberdade de escolha, acesso à informação e, teoricamente, um sistema democrático robusto, o poder dessa minoria, que continua a controlar as rédeas da política, limita o impacto do voto consciente. Quando a disputa eleitoral se torna desigual, a essência da democracia se perde, e o futuro de cidades e estados é moldado pela ganância e pelo desejo de controle desses que se autodenominam "grandes líderes".

Além disso, mesmo a imprensa, que tradicionalmente é vista como o "quarto poder" e guardiã da verdade, muitas vezes se vê silenciada por essa mesma elite. A imprensa verdadeira, aquela que não tem rabo preso, que busca expor as verdades por trás dos discursos e das práticas corruptas, enfrenta um inimigo poderoso. Esses coronéis modernos, com seu dinheiro e influência, recorrem a uma estratégia de intimidação que vai além da política: a judicialização da censura.

Enfiam processos goela abaixo da grande mídia, na tentativa de calar a voz de jornalistas e veículos independentes. O medo de ações judiciais vultuosas, multas exorbitantes ou até mesmo o fechamento de empresas de comunicação faz com que muitas reportagens sejam engavetadas e verdades sejam abafadas. Isso transforma a imprensa em mais um refém desse poderio financeiro, incapaz de cumprir seu papel de revelar a verdadeira versão dos fatos.

Assim, o poder financeiro desses coronéis se estende não só sobre os eleitores, mas também sobre os próprios meios de comunicação. A verdade que deveria ser exposta livremente acaba sendo sufocada pelo peso do dinheiro, e a sociedade, mais uma vez, fica refém de um sistema onde a liberdade é apenas uma ilusão.

A democracia verdadeira só será alcançada quando o voto for respeitado em sua essência, quando a voz do povo, de fato, prevalecer sobre o dinheiro. E, para isso, precisamos de uma imprensa livre, sem amarras judiciais ou financeiras, capaz de denunciar os abusos e expor as verdades. Enquanto o dinheiro falar mais alto que o voto e a imprensa, estaremos à mercê dos coronéis do século XXI, que, disfarçados de empresários ou políticos modernos, perpetuam a desigualdade e subjugam a democracia aos seus interesses.

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