O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou neste domingo (1º) o governo do ex-presidente norte-americano Donald Trump, após recentes declarações de autoridades dos Estados Unidos que indicam a possibilidade de sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A reação norte-americana ocorre após decisões do magistrado afetarem diretamente plataformas digitais de empresas norte-americanas e figuras próximas à extrema direita internacional.
Durante evento do PSB, em Brasília, Lula classificou como “inaceitável” a intenção do Departamento de Estado dos EUA de investigar ou punir decisões do Judiciário brasileiro. A crítica foi direcionada especialmente ao secretário de Estado, Marco Rubio, que, durante sessão no Congresso americano, afirmou existir “grande possibilidade” de Moraes ser alvo de sanções por sua atuação no Brasil.
A ofensiva norte-americana ocorre no contexto de ações que envolvem o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), e decisões judiciais do STF que determinaram a retirada de conteúdos e perfis considerados envolvidos com desinformação e ataques às instituições democráticas. No fim de maio, o Bureau of Western Hemisphere Affairs, órgão vinculado ao Departamento de Estado, publicou em português que “nenhum inimigo da liberdade de expressão dos americanos será perdoado”.
O governo brasileiro considera a postura uma ingerência indevida em assuntos internos. Moraes tem sido um dos principais alvos de grupos bolsonaristas e de aliados internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro, como Eduardo Bolsonaro, que atualmente vive nos Estados Unidos e articula apoio à “bancada anti-Moraes” no Congresso americano.
Senado e risco institucional
Além da crítica aos EUA, Lula aproveitou seu discurso para alertar sobre a estratégia da oposição nas eleições de 2026, especialmente na disputa por cadeiras no Senado Federal. O receio é de que parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro conquistem uma maioria capaz de abrir processos de impeachment contra ministros do STF, incluindo Moraes.
Dois terços do Senado serão renovados em 2026, e lideranças da direita já sinalizam que pretendem montar uma “superbancada” com esse objetivo. Segundo a Constituição, cabe ao Senado julgar ministros do Supremo por crimes de responsabilidade, como previsto na Lei 1.079/1950. Até o momento, nenhum processo desse tipo avançou, mas a pressão política sobre o Judiciário tem crescido.
Lula afirmou que é necessário defender a estabilidade das instituições democráticas, ainda que haja divergências com decisões pontuais. “Não se trata de blindar indivíduos, mas sim de proteger a estrutura institucional que sustenta a democracia”, disse, ressaltando que ataques sistemáticos ao Supremo podem abrir precedentes perigosos.
PSB e sucessão interna
O discurso de Lula ocorreu durante o 16º Congresso Nacional do PSB, que oficializou a eleição do prefeito do Recife, João Campos, para a presidência nacional do partido, sucedendo Carlos Siqueira. O evento contou com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), ministros e lideranças do campo progressista.
O presidente reforçou a necessidade de união entre os partidos aliados e cobrou atenção aos movimentos políticos de extrema direita, tanto no Brasil quanto no exterior, que buscam minar as instituições democráticas por meio de ataques coordenados e narrativas contra o Judiciário.
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