Ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, o conselheiro Waldir Neves Barbosa alegou dificuldades financeiras para dar o calote de R$ 1,5 milhão na casa que comprou no residencial de luxo.
Os credores, o casal Cláudia Damus Muller e Clauco Glycério Muller, aceitaram o acordo e pediram a homologação pelo juiz Maurício Petrauski, da 9ª Vara Cível de Campo Grande. Eles pedem que o processo seja suspenso por um ano. Caso o ex-deputado não quite uma dívida, a desocupação deverá ser imediata.
Neves procurou o casal após o magistrado acatar o pedido de reintegração de posse e mandar o conselheiro do TCE deixar a mansão em 30 dias. O juiz até antecipou a autorização para uso de força policial e troca das chaves do imóvel.
“APÓS A PROPOSITURA DA AÇÃO e prolação da r. decisão datada de 07 de julho de 2025 para desocupação do imóvel, as Requeridas procuraram os Autores para solução amigável do conflito e expuseram as dificuldades financeiras que atravessam, propondo o pagamento das obrigações inadimplidas com todos seus acréscimos e penalidades previstas na Escritura Pública em até 12 meses, com possibilidades de antecipação desse prazo”, diz a petição protocolada na segunda-feira (14).
Pelo acordo, a Walf Agropecuária Empreendimentos Turísticos e Imobiliários, criada por Waldir Neves em 10 de abril de 2023, propõe pagar R$ 200 mil de entrada e 12 parcelas de R$ 50 mil, com vencimento até agosto de 2026. No final, a empresa deverá quitar com R$ 1,1 milhão.
Waldir Neves fechou o negócio de R$ 2,760 milhão pela mansão. No entanto, ele atrasou o pagamento da parcela desde setembro do ano passado. O débito somou R$ 1,5 milhão. O casal recorreu à Justiça porque o conselheiro ignorou a notificação extrajudicial.
Waldir Neves já foi alvo de três operações da Polícia Federal – Mineração de Ouro, Terceirização de Ouro e Casa de Ouro – e chegou a ser afastado do cargo e monitorado por tornozeleira eletrônicas entre 8 de dezembro de 2022 e 14 de maio deste ano. O afastamento foi determinado pelo ministro Francisco Falcão, do STJ.
Ele comprou a casa e mudou de mansão dentro do Damha seis meses após a segunda ofensiva da PF. O contrato foi firmado em junho de 2023. O conselheiro reside no atual casa, de onde corria o risco de ser retirado a força porque não quitou o valor do contrato.
O conselheiro é investigado por peculato, corrupção, venda de sentença, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Já foi alvo de duas ações penais no STJ, mas que ainda não foram analisadas pela Corte Especial. A morosidade da corte foi um dos motivos considerados pelo ministro Alexandre de Moraes para conceder o habeas corpus e determinar o retorno de Waldir Neves ao cargo.
Ao reassumir a função, ele recupera os privilégios do TCE e deverá voltar a ganhar um salário superior a R$ 100 mil por mês.
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