Mato Grosso do Sul acaba de alcançar um dos marcos mais significativos da história de sua pecuária: o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O anúncio foi feito nesta quarta-feira (29), em Paris, durante a 92ª Sessão Geral da entidade, com a presença de autoridades estaduais e nacionais, entre elas o deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), que celebrou a conquista com a frase: “Nossa carne é a melhor do mundo”.
A certificação é resultado de uma jornada de duas décadas que exigiu planejamento estratégico, investimentos robustos e um esforço conjunto entre o Governo do Estado, produtores rurais, técnicos da Iagro (Agência Estadual de Vigilância Sanitária Animal e Vegetal), Ministério da Agricultura e diversas instituições. O evento de oficialização contou com a participação da senadora Tereza Cristina, do secretário estadual Jaime Verruck (Semadesc), do presidente da Famasul Marcelo Bertoni e de representantes da cadeia produtiva.
Para o deputado Paulo Corrêa, o momento representa a consagração de um trabalho iniciado há 20 anos, quando as primeiras articulações para erradicação da doença foram pautadas em reuniões regionais. “A certificação coloca a carne de MS entre as mais valorizadas do mundo, abrindo portas para mercados que até então eram inacessíveis”, destacou.
Com o novo status, o Estado agora poderá exportar carne para mercados mais exigentes, como Japão, Coreia do Sul e Europa, além de consolidar sua presença em destinos como China, EUA e Chile — os principais compradores da carne sul-mato-grossense atualmente. Em 2024, MS exportou cerca de US$ 1,27 bilhão em carne bovina, representando quase 10% do total nacional. Em 2025, esse percentual já ultrapassa os 11%.
Além da bovinocultura, a suinocultura também será beneficiada com o reconhecimento, passando a ter acesso a mercados antes reservados a estados como Santa Catarina. A medida deve atrair novos investimentos para a agroindústria local e gerar empregos em toda a cadeia produtiva.
De acordo com o secretário Jaime Verruck, a conquista é fruto de uma estratégia sólida, que incluiu mais de R$ 250 milhões em investimentos na Iagro, entre infraestrutura, contratação de fiscais agropecuários, tecnologia e reforço da vigilância em fronteiras.
A Iagro, sob comando do diretor-presidente Daniel Ingold, teve papel determinante, com ações de vigilância ativa, campanhas de educação sanitária, coleta de mais de 8 mil amostras e mobilização de técnicos e produtores rurais em todas as regiões do Estado. Também foram fundamentais os protocolos estabelecidos pelo PNEFA (Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa).
A presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Sirley Pacheco, também celebrou a conquista em nome do Legislativo estadual. "O reconhecimento internacional reflete a seriedade com que Mato Grosso do Sul conduz suas políticas públicas para o agronegócio e a defesa sanitária", afirmou.
A expectativa é de que a certificação fortaleça ainda mais o agronegócio, principal motor da economia do Estado. Para os produtores rurais, ela representa a valorização da arroba e maior previsibilidade para comercialização de seus produtos. Já para o setor industrial, cria ambiente propício para a ampliação da capacidade produtiva e entrada de novos players no mercado estadual.
Segundo dados do Governo do Estado, o reconhecimento deve impulsionar a abertura de novos frigoríficos, abatedouros e unidades de processamento, gerando empregos e aumentando a arrecadação de tributos municipais e estaduais. O setor produtivo também projeta aumento nas parcerias internacionais e novos acordos comerciais.
Apesar da conquista, as autoridades reforçam que o status sanitário exige manutenção constante. A vigilância continua sendo fundamental, assim como a educação permanente do produtor rural e o fortalecimento institucional da Iagro. Além disso, novas campanhas devem ser lançadas para garantir que toda a cadeia produtiva esteja alinhada com os protocolos internacionais de rastreabilidade e controle de trânsito animal.
A partir de agora, Mato Grosso do Sul assume não só um novo protagonismo no cenário nacional, mas também internacional. O reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação é o passaporte para um futuro mais competitivo, sustentável e próspero para o agronegócio sul-mato-grossense.
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