O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus aliados estão encontrando dificuldades para viabilizar a sigla Aliança pelo Brasil, a qual, segundo os seus idealizadores, seria capaz de reunir pautas caras à direita conservadora brasileira.
Parlamentares de Mato Grosso do Sul que foram eleitos na chamada “onda bolsonarista” em 2018 agora aguardam para saber a sigla em que o presidente deve ingressar para decidir seus futuros. Esse cenário pode reunir bolsonaristas que se romperam logo após a conquista nas urnas no pleito passado.
Os exemplos mais emblemáticos são os casos de distanciamento entre os deputados estaduais Coronel David (sem partido) e Capitão Contar (PSL), bem como o deputado federal Loester Trutis (PSL) e a senadora Soraya Thronicke (PSL).
Além disso, esse possível fracasso em viabilizar seu próprio partido pode ser interpretado como um desgaste na imagem do presidente, já que ele não conseguiu recolher a tempo o número suficiente de assinaturas para enviar à Justiça Eleitoral e viabilizar a sigla.
Conversas de bastidores apontam que Bolsonaro tem se reunido com lideranças de diversas legendas, porém, o presidente pode voltar para o PSL. Ou seja, essa possível volta de Bolsonaro ao seu ex-partido pode ocasionar também o retorno de David à sigla.
Conforme já havia informado ao Correio do Estado, o deputado disse que o seu destino político seria definido em função da escolha do presidente. Ou seja, ele se filiaria provavelmente à mesma legenda de seu aliado político.
Porém, ao ser perguntado se voltaria ao PSL, ele afirmou que trata o assunto de forma pragmática, mas não descarta a possibilidade.
Nessa conjuntura, o partido pode reunir no mesmo palanque político a senadora Soraya Thronicke e o deputado estadual Coronel David, que acabou rompendo com a parlamentar logo após a vitória de ambos nas urnas em 2018.
“Sobre o Aliança, estamos tentando recolher o máximo de assinaturas para viabilizar a legenda, porém, será difícil, pois as eleições do ano que vem já estão logo ali. Eu sempre afirmo, política não se faz sozinho e, por esse motivo, o presidente pretende definir logo o partido pelo qual vai disputar sua reeleição para começarmos a negociar apoio".
"Temos que estar atentos a isso, pois o prazo está se esgotando. Sobre o PSL, eu sou bem pragmático, ele voltou para a jogada e, caso o presidente decida embarcar nele novamente, contará com meu apoio”, concluiu.
Um dos maiores entusiastas e articuladores da viabilização da possível nova legenda, o deputado federal Luiz Ovando (PSL) ainda não perdeu a esperança de concretizar a sigla a tempo das próximas eleições. Para ele, a direita conservadora precisa ter sua casa e a única forma de isso acontecer é viabilizando a legenda.
“Nós, conservadores, que defendemos nossa pátria, os valores cristãos e a liberdade do nosso povo, precisamos ter a nossa casa, que é o Aliança. Precisamos enfrentar os trâmites burocráticos e pressionar a Justiça Eleitoral para que reconheça nosso partido, não podemos perder a esperança”, declarou.
Já o deputado estadual e também integrante do PSL Capitão Contar minimizou o fato de o presidente não ter conseguido viabilizar seu partido e afirmou que ele terá sucesso em qualquer legenda.
“O fato de não termos o Aliança significa que temos um partido de direita a menos, o que não prejudica nem enfraquece a onda bolsonarista. [...] Sua provável volta ao PSL fortalece o partido, sem dúvidas, mas penso que o eleitor será ainda mais criterioso ao escolher seus candidatos em 2022. Em 2018, 2019, muitas máscaras caíram. Estar filiado ao mesmo partido que Bolsonaro já não é garantia de idoneidade ou fidelidade ao mesmo”, analisou.
A senadora Soraya Thronicke tenta se alinhar ainda mais ao bolsonarismo. Poucos meses depois de assumir a cadeira no Senado, Thronicke foi vista pelo eleitorado como um dos parlamentares que surfaram na onda do presidente Jair Bolsonaro em 2018 e que acabaram “traindo” as bandeiras do presidente.
Nesse bojo estão Alexandre Frota (PSDB), Joice Hasselmann (PSL) e até o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Porém, a senadora rebate as acusações dizendo que elas não procedem, pois ela afirma sempre ter votado em com o governo.
“Basta consultar o site do Senado Federal. Quem fala isso precisa usar da mentira, da má-fé para se autopromover. Deveria aparecer pelo trabalho, mas os medíocres são assim, e o mais incrível é que chegam a pagar por matérias desse tipo. E como já devem ter percebido, todas essas tentativas de desconstrução de imagem são inócuas".
Muitos foram eleitos nessa chamada onda bolsonarista e não respeitam os princípios, as bandeiras que levantaram em época de campanha, que são basicamente o liberalismo econômico, o estado mínimo e o combate à corrupção"
"E isso é muito fácil de se averiguar, basta acompanhar as votações, a atuação do político. Não é de outra forma que se avalia a coerência de um eleito com o seu discurso de campanha. Já passou da hora de amadurecermos essa métrica”, disse.
*Correio do Estado
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