O cacique tucano Sérgio de Paula foi confirmado como titular da Casa Civil do governo Reinaldo Azambuja (PSDB).
Antes, o presidente estadual da sigla era responsável pela Secretaria de Articulação Política do governo, mas com essa mudança volta a ter status de secretário.
De Paula afirmou que o objetivo dessa medida é intensificar ainda mais as articulações com deputados estaduais e federais, bem como com os senadores de Mato Grosso do Sul.
Outro objetivo revelado pelo agora secretário é aproximar ainda mais o Executivo estadual dos prefeitos dos 79 municípios sul-mato-grossenses.
Além dessa mudança, a reforma administrativa do governo – que foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado (Alems) na manhã de ontem – reativa a Secretaria de Cultura e Cidadania, que será ocupada pelo vereador e presidente municipal do PSDB em Campo Grande, João César Mattogrosso.
Toda mudança na estrutura governamental do Poder Executivo gera uma certa desconfiança da população.
Além disso, sofre ataques da oposição de momento, pois vislumbra-se uma possível distribuição de cargos a aliados. Ao ser perguntado sobre esse fato, o futuro titular da Casa Civil reconheceu que houve conversas com todos os aliados que poderiam assumir o comando das pastas, porém, o PSDB resolveu a questão usando figuras da casa.
Nessa conjuntura, conversas de bastidores apontavam que o PSDB poderia abrir mão de uma das pastas, a de Cidadania, para colocar alguma liderança das legendas que podem lançar adversários fortes para a disputa eleitoral de 2022. Como, por exemplo, o DEM, do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina.
“Meu objetivo dentro do governo é fazer a articulação política, ou seja, ter interlocução com todas as esferas de poder e viabilizar vindas de emendas ou o destino delas. Também existe a parte política, e por esse motivo estamos abertos a conversar com todas as legendas, sem distinção. No entanto, resolvemos no caso da Cidadania indicar o Mattogrosso. Porém, eu não uso o termo adversário, pois temos aliados em todos os partidos e eles querem estar no poder. Respeitamos porque é do jogo democrático”, afirmou.
Em relação à reativação da Secretaria de Cidadania, de Paula disse que era uma demanda de diversos setores mais vulneráveis da sociedade, cujas necessidades aumentaram ainda mais com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Além disso, a Cultura também deverá ter um olhar mais profundo, pois foi o segmento econômico mais afetado, em razão das restrições impostas para combater a crise sanitária.
“Estamos prestes a botar em prática o Mais Social [auxílio emergencial estadual], e essa Pasta [de Cultura e Cidadania] terá a incumbência de olhar se os grupos atendidos por ela estão sendo beneficiados com essa ajuda. Além disso, dará mais atenção ao setor cultural, para o qual já temos algumas políticas públicas para amenizar o impacto financeiro sofrido por esses trabalhadores. No entanto, temos que viabilizar outros projetos que vão contribuir para a retomada financeira quando começarmos a volta a uma possível normalidade”, projetou.
O atendimento aos mais vulneráveis também pode trazer dividendos políticos.
Por exemplo, a popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cresceu muito nas classes C,D e E em função da implementação do auxílio emergencial no ano passado.
Ou seja, o investimento mais pesado em políticas para esses setores mais vulneráveis da sociedade pode agradar o eleitorado e refletir-se em votos na urna.
O hoje vereador e futuro secretário da Cidadania João César Mattogrosso também falou ao Correio Estado, sobre os objetivos dele à frente da Pasta.
Para ele, a secretaria tem uma função social importantíssima, pois ela pode dar um mínimo de dignidade à população mais carente. No entanto, ela não deve ter uma visão apenas assistencialista, mas, sim, a de fomentar a entrada no mercado de trabalho desses cidadãos invisíveis.
“Nossa Pasta deve ter um olhar de planejamento. Devemos caminhar com outras pastas para o atendimento mais humano desses cidadãos, mas também tentar transformar a vida deles. Podemos fazer parceria com empresas para capacitação profissional dessas pessoas, pois, com a retomada da economia, o objetivo nosso será aumentar ainda mais os postos de trabalho, que podem ser preenchidos por eles”, disse.
Já sobre o setor cultural, o secretário afirmou que já existem conversas com a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e, nas próximas duas semanas, a expectativa é de que seja lançado um pacote de ações voltadas ao segmento.
“Nós iremos lançar um calendário de atividades que poderão ter um impacto direto no setor. No entanto, todas essas agendas só poderão ser realizadas com a imunização da nossa população. O setor é um dos mais importantes do Estado e, durante a pandemia, foi o mais prejudicado economicamente”, analisou.
Em relação a projetos, de Paula revelou ao Correio do Estado que o governador Azambuja determinou que a Casa Civil realize ao menos nove reuniões no interior do Estado, que ocorrerão em regiões determinadas ao longo deste ano.
“Nessas reuniões iremos discutir demandas locais, pois já estamos no segundo ano de pandemia e as necessidades tendem a aumentar. Nosso governo tem essa característica mais municipalista, mas posso afirmar que o governador tem a visão política e de articulação, que não deixaremos de lado vislumbrando 2022”, concluiu.
*Correio do Estado
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