Já tendo reconhecido seu eventual desligamento na chefia da Saúde – em plena crise do coronavírus -, o ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), disse, em entrevista à revista Veja, que se cansou das “batalhas” travadas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobre as medidas adotadas para a contenção da pandemia. Ele ponderou, no entanto, que fica até anunciarem um substituto e garantiu que deve ajudar seu sucessor na Saúde, enquanto o presidente recebe candidatos no Palácio do Planalto.
A entrevista foi concedida nesta quarta-feira, no mesmo dia em que ele fez um balanço, em coletiva, ao lado dos seus dois principais auxiliares — o secretário-executivo João Gabbardo e o secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson de Oliveira – sobre a atuação no Ministério da Saúde. Oliveira já havia pedido para sair do ministério, mas Mandetta disse que eles sairiam juntos.
Na entrevista à Veja, Mandetta afirmou que não tem mais condições de ficar no governo e que ele se cansou da “batalha” travada entre ele e Bolsonaro sobre as medidas a serem adotadas para conter a pandemia de coronavírus no país. “São 60 dias nessa batalha. Isso cansa!”.
“Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante”, desabafa o sul-mato-grossense a respeito das divergências com Bolsonaro – que refuta estudos de que o isolamento é a melhor saída à crise, e chegou a sugerir que limaria com uma canetada integrantes do seu governo “que estavam se achando estrelas”.
Mandetta disse não saber se a estratégia do Ministério da Saúde vai permanecer a mesma após sua saída, mas alertou que “o vírus não negocia com ninguém”. “O vírus se impõe. A população se impõe. O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o (Donald) Trump, não vai negociar com nenhum governo”.
Ao ser questionado sobre se estaria pensando em se candidatar ao governo do Mato Grosso do Sul nas próximas eleições, o ministro disse que leva tempo até 2022, quando serão realizadas as eleições estaduais, e que, por ora, precisa ganhar o pão. Ele negou que trabalharia no governo do Goiás, ao lado de Ronaldo Caiado e disse apenas que pode ajudar informalmente aos estados e prefeituras. O ministro também descartou um retorno à vida parlamentar: “já passei oito anos lá”.
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